Hábitos são Ditados Pelo Tipo de Natureza que se Possui
Os hábitos de um gato são ditados pelo tipo de natureza dos gatos; isto se aplica respectivamente a todas as demais espécies de animais.
Quanto ao homem, seus hábitos são ditados pela natureza humana, todavia como fora criado para ser à imagem e semelhança de Deus necessita para tanto, possuir também a natureza divina, para que possa atingir o propósito pleno da sua criação.
Assim, a natureza humana não pode responder por si só aos hábitos que são inerentes à natureza divina; pois não carrega consigo os hábitos de santidade que são exclusivos à natureza de Deus, ao contrário, em razão da queda no pecado carrega um princípio que é totalmente contrário ao citado hábito de santidade.
Acrescente-se a isso, que sem o arrependimento e a fé em Jesus Cristo é impossível ser participante da natureza divina.
Antes da Queda no pecado original a natureza humana se inclinava somente para o que é bom.
Mas, com a Queda, passou a se inclinar também para o que é mau, e esta inclinação passou a ser o princípio dominante que opera na natureza humana, pois o homem é mais inclinado para o mal do que para o bem, conforme se vê na experiência prática, e sendo confirmado pelas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e dos apóstolos, de que temos um coração perverso do qual procedem todos os tipos de males, e os quais são referidos pelo apóstolo Paulo como sendo obras da carne.
Então “carne”, neste sentido bíblico, nada mais é do que a inclinação pecaminosa que habita na natureza humana, ao lado da primitiva inclinação para o bem, e que pode ser sufocada agora por esta má inclinação em muitas ocasiões e modos.
Esta inclinação original da natureza humana disposta para o bem nada pode fazer contra esta inclinação para o mal que leva o homem a pecar; ou seja, não pode tratar com a raiz do pecado no que se refere a subjugar e remover a fonte dos desejos maus.
Somente a natureza divina, que é recebida na conversão, por meio da fé em Cristo, tem o poder que é capaz de subjugar a inclinação pecaminosa da natureza humana.
Daí se afirmar que o Espírito que em nós habita, e que ativa e opera esta natureza divina, se opõe à carne, ou seja, à má inclinação de nossa natureza, que nela penetrou desde a Queda no pecado original.
Então, se somos instruídos pelo Espírito, submissos ao Espírito, movidos e guiados pelo Espírito, especialmente em relação àquelas atitudes e comportamentos santos da Palavra de Deus, podemos subjugar a má inclinação da natureza humana que dá para a morte espiritual, e assim, podemos experimentar a vida de Deus e a paz que dela decorre (Rom 8.6).
É nisto basicamente que consiste a nossa semelhança com Deus, ou seja, a nossa efetiva participação de sua natureza divina, traduzida nas operações progressivas do Espírito Santo para forjar em nós atitudes, comportamentos, atos e pensamentos que sejam cada vez mais condizentes com a nossa inclinação para aquela santidade que é inerente à natureza divina, e que existe somente naqueles que pertencem a Jesus Cristo.
Assim, perdemos muito desta semelhança com Deus quando não andamos no Espírito, ou seja, quando não somos instruídos, dirigidos e movidos por Ele, por causa de andarmos segundo a má inclinação que é para a carne (pecado), porque em vez de produzirmos o fruto do Espírito em nossas vidas, produzimos as obras da carne.
À luz destas verdades bíblicas podemos entender porque simples atos bons morais não configuram necessariamente aquela santidade divina à qual somos chamados, porque a antiga inclinação para o bem da natureza humana pode responder a isto.
Assim, é possível praticar o bem e não ser participante da vida de Deus, porque é certo que em todas as pessoas, esta habilidade para o bem sempre é acompanhada de perto e subjugada por uma outra inclinação que é mais poderosa, ou seja, a que é para o mal, e sendo Deus, completamente santo e justo, não pode habitar onde o problema do pecado não tenha sido resolvido, pelo perdão e pela justificação que existem somente por meio da nossa fé no Senhor Jesus Cristo.
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