Só os Humildes Podem Ter Certeza


Por D. M. Lloyd Jones
 
O que, pois, pode assegurar-nos de que a nossa certeza é verdadeira? Eis aqui as características de uma certeza genuína: primeira, final e perene - humildade. Os cristãos que possuem a verdadeira certeza não dizem que esta é uma vida boa e divertida, nem que estão desfrutando muito dela. Não, e não! Existe sempre um espírito de humildade nos filhos de Deus, visto que sabem o que são e que tudo devem a Ele. Se sua certeza não os torna humildes, então rogo a vocês que examinem novamente as bases. Voltem às Escrituras. A verdadeira certeza sempre produz humildade. Ela tem também um efeito prático sobre o caráter e o viver. Ela conduz ao gênero de vida retratado na Primeira Epístola de João.
 
Outra excelente prova é esta: se vocês se descobrem fazendo um autoexame, esse é um sinal de uma certeza genuína. As pessoas que cultivam uma falsa certeza não gostam de autoexame; obviamente que não, porquanto ele as fará infelizes, ele irá estremecê-las, e não querem isso. Mas as pessoas que possuem a genuína certeza se preocupam tanto em ser absolutamente corretas, que se põem a examinar-se. Paulo diz: "Antes subjugo o meu corpo... para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado" (1 Cor. 9:27). Ele se autoexaminava constantemente, e em 2 Coríntios 13:5 ele exorta os coríntios: "Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos". E o cristão é feliz em proceder assim. Em 1 Pedro, capítulo 4, somos informados:"Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus... E se o justo dificilmente se salva, onde comparecerá o ímpio pecador?" (vv. 17,18).
 
Ora, os verdadeiros cristãos andam em reverência e piedoso temor. Não existe neles jovialidade carnal; são pessoas humildes que andam na luz dessas verdades. E, acima de tudo, aqueles que possuem verdadeira certeza estão sempre se esforçando para uma conformidade mais estreita com Cristo. "Para conhecê-lo", diz Paulo, "e o poder da sua ressurreição e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte... não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus" (Fil. 3:10,13,14). E o cristão está sempre fazendo assim. As pessoas que possuem a verdadeira certeza têm sempre um crescente desejo de ser mais e mais semelhantes a Ele. Sim, diz João, "E todo o que nele tem esta esperança, purifica-- se a si mesmo, assim como ele é puro" (1 João 3:3).
 
Finalmente, ouçam a Whitefield descrever como sua extraordinária certeza, esse testemunho direto do Espírito, lhe foi concedido. Ele estivera buscando esta certeza por longo tempo, e então caiu enfermo. Escreve:
 
“Este ataque de enfermidade continuou por sete semanas, e ela me foi uma gloriosa visitação, pois o bendito Espírito esteve todo esse tempo purificando minha alma. Todos os pecados grosseiros e notórios, e até mesmo minha pecaminosidade mais profunda, estavam agora postos diante de mim nitidamente, dos quais fiz algumas anotações imediatamente, e os confessei diante de Deus de manhã e à noite. Ainda que enfraquecido, às vezes gastava duas horas em meu recolhimento crepuscular, e orava sobre meu Novo Testamento grego e sobre as mais excelentes contemplações do bispo Hall, a todo momento que minha saúde permitia. Perto do fim de sete semanas, e após ter gemido sob uma inexprimível pressão, tanto do corpo quanto da mente, por mais de um ano, aprouve a Deus libertar-me da seguinte maneira. Certo dia, percebendo uma incomum secura e uma desagradável viscosidade em minha boca, e usando coisas para amenizar minha sede, porém em vão, veio-me à mente que, quando Jesus Cristo clamou: "Tenho sede", Seus sofrimentos chegavam ao fim. Nisso eu me senti debilitado no leito, clamando: "Tenho sede, tenho sede". Logo após isso, descobri que minha saúde havia voltado, que me libertara do peso que tão fortemente me oprimia. De manhã, o espírito de lamentação foi retirado de mim, e eu sabia o que significava realmente regozijar-me em Deus meu Salvador, e por algum tempo não podia deixar de cantar salmos onde quer que eu estivesse. Minha alegria, porém, gradualmente se tornava mais sólida, e, bendito seja Deus, tem permanecido e aumentado em minha alma, salvo uns poucos intervalos casuais desde então.”


 
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D. M. Lloyd Jones
Enviado por Silvio Dutra Alves em 23/07/2014
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