Perspectiva Completamente Nova

 
Por D. M. Lloyd Jones
 
Tenho visto pessoas crucificarem as suas faculdades pessoais, no entanto nunca foi esse o propósito para elas! O que você era, você continua sendo; você tem as mesmas faculdades pessoais, e as mesmas capacidades, mas o espírito que as dirige é que mudou. Assim, as mesmas diferenças entre pessoa e pessoa ainda existem. Os cristãos não são todos igualmente capazes; seria preciso dizer isso? Às vezes penso que é. Nem todos são vocacionados para ensinar e pregar. Alguns parecem pensar que todo e qualquer cristão faz automaticamente o que os outros cristãos fazem. Não é assim. As capacidades permanecem, e devem ser consideradas e levadas em consideração. Por isso digo que, na regeneração, não recebemos novas faculdades pessoais. O que recebemos é este novo espírito que exerce o controle, uma nova disposição é implantada em nós, um novo princípio de vida começa a operar.
 
O novo espírito penetra na mente e a domina e a dirige; assim é que, ao passo que anteriormente ela ia numa direção errada, agora vai na direção certa. Se tudo funcionava numa direção, tudo funciona na outra. O que importa é o controle, o princípio vitalizante. Por renovação devemos entender que a mente recebe iluminação. O cérebro humano “qua” (Latin – como cérebro) cérebro é precisamente o que era antes; todavia, sendo o homem renovado no espírito da sua mente, e já não sendo totalmente incapacitado em razão da Queda, torna-se capaz de receber as coisas do Espírito de Deus, e o cérebro, que antes lhe era inútil nas questões espirituais, agora passa a ser de valor inestimável para ele. Havendo, então, ocorrido a mudança, a que leva? Significa que o cristão não somente pensa em coisas diferentes, mas, o que é ainda mais importante é que ele pensa de modo diferente. Ouçam o que diz o poeta sobre a mudança ocorrida:
 
O céu em cima é azul mais suave;
Verde mais leve é a terra em volta.
Há certa vida em cada nuança
Que olhos sem Cristo nuança vêem.
 
Os olhos sem Cristo podem ver, naturalmente. Podem ver as flores, como podem ver os olhos cristãos, e observam as mesmas flores. E o não cristão pode dizer o nome da flor, como o cristão, talvez melhor; pode dissecá-la, analisá-la, sabe tudo sobre ela, vê e pode redigir o seu relatório; o cristão também pode; ambos vêem as mesmas coisas, e até certo ponto os seus relatórios são idênticos. Contudo, o cristão vê algo que o outro não vê. O céu em cima é azul mais suave] O não cristão apresenta o seu relatório. Diz ele: os céus são azuis! Ele está perfeitamente certo. Mas não viu a suavidade. O cristão olha para os céus e não vê apenas algo material, físico; há um resplendor que o outro não consegue ver; é a glória de Deus por trás deles. Tudo isso está lá no Salmo oito. "Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas..." O cristão vê algo extra. Não vê somente o que está ali, ele vê os dedos de Deus que os fizeram. "A luz e as estrelas que tu ordenastes!" (VA). O céu em cima é azul mais suave. E a terra -que dizer dela? Bem, é verde, diz o incrédulo, e é evidente que ele está perfeitamente certo. Entretanto, diz o cristão, verde mais leve é a terra em volta. Que se passa? Nos dois homens, a capacidade cerebral é mais ou menos idêntica; porém há algo extra, o espírito da mente mudou, no cristão. Há certa vida em cada nuança que olhos sem Cristo nunca vêem.
 
As aves cantam mais alegres,
Na flor o belo é mais profundo,
Desde que eu sei, como hoje sei,
Que Cristo é meu, e eu dEle sou.
 
Que foi que aconteceu com esse homem? O apóstolo dá a resposta. O espírito da mente foi renovado! Ele não tem intelecto maior do que o que tinha antes, mas o seu intelecto está sendo habilitado a funcionar de uma nova maneira, ele agora pensa de uma nova maneira. Ele não somente fala de coisas diferentes, porém faz diferentemente tudo o que faz. "As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." E isso que acontece com o cristão. Como "homem natural", pode ser que ele tenha sido um escravo da bebida, e não pudesse passar em frente de um bar sem se sentir tentado a entrar; lá ia ele. Mas, agora que se tornou cristão, passa em frente do mesmo bar, todavia não o vê como o via antes.
 
Fisicamente ele vê exatamente a mesma coisa, o mesmo edifício, a mesma pintura, a mesma cor, o mesmo nome no letreiro; não houve mudança; e, no entanto, tudo é diferente, não é mais o mesmo lugar. Que terá acontecido? Não houve mudança no bar; não houve mudança no cérebro do homem, enquanto cérebro,qua cérebro. O que mudou foi o espírito da sua mente! Ele agora pensa diferentemente. Embora observe precisamente os mesmos dados, neles medite e sobre eles cogite, já não faz a mesma coisa do mesmo jeito. O espírito da sua mente mudou. A sua perspectiva é completamente nova.
 

 
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D. M. Lloyd Jones
Enviado por Silvio Dutra Alves em 22/07/2014
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