A Futilidade da Mente Natural
Por D. M. Lloyd Jones
Consideremos a futilidade da posição moderna. Meditemos no terrível desperdício de energias que há quando a sinceridade e o zelo não são orientados pelo conhecimento e pela verdade. Naturalmente que essa situação se faz presente em todas as áreas. Se voltarmos a nossa atenção para as experiências científicas, por exemplo, veremos que confiar no zelo e na sinceridade em meio à busca por resultados, sem que se tenha uma certa soma de conhecimentos, é obviamente inútil e até altamente perigoso. Em qualquer área da vida, o conhecimento é essencial, e o mero fervor, à parte do conhecimento, não pode produzir os resultados desejados. Ora, se compreendemos que, no final das contas, temos de nos preocupar com Deus e em sermos agradáveis a Ele, quão infinitamente mais importante é entender, antes de fazermos qualquer coisa, que o conhecimento de sua vontade e de seu propósito para nós é absolutamente vital.
Essa é uma verdade que pode ser demonstrada de duas formas principais. O argumento de Paulo, no tocante aos pontos de vista de seus contemporâneos, foi que nada conseguiam senão estabelecer a sua própria justiça, visto que confiavam no seu zelo e sinceridade à parte do conhecimento. A causa desse erro, segundo afirmou o apóstolo, é que ignoravam a justiça de Deus; eram ignorantes não só do caminho divino da salvação, mas também daquilo que Deus exige. O próprio Senhor Jesus, certa vez, fez precisamente essa acusação contra os fariseus, quando disse: "Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus" (Lc 16.15).
Poderia haver qualquer coisa tão inútil quanto essa circunstância? Talvez tal situação possa ser vista mais claramente no caso dos judeus dos dias de nosso Senhor e de Paulo. Apresentavam-se eles com todo o seu zelo e sinceridade, com suas boas obras e sua moralidade. Abnegavam-se e sofriam; oravam e jejuavam, contribuindo com seus bens para alimentar os pobres. No entanto, suas boas obras não tinham qualquer valor, pelo motivo simples de não serem o que Deus pedia deles. Estabeleciam os seus próprios padrões, agiam conforme suas próprias idéias e tradições e, então, eram capazes de enumerar grandes realizações e grande quantidade de atos de justiça. Contudo, aquilo não tinha valor. Não passava de justiça própria; não era justiça requerida por Deus. E o que tornava ainda mais ridícula a questão é que tinham persuadido a si mesmos de que faziam tudo isso para o agrado de Deus. Seu propósito, afirmavam, era o de agradar a Deus e de se justificarem aos olhos dEle; no entanto, em última análise, praticavam tudo a fim de agradarem a si mesmos. E tudo por não quererem ouvir o que dissera o próprio Deus e por confiarem em seu próprio zelo, em suas próprias idéias, recusando-se a serem iluminados quanto àquilo que Deus, de fato, requeria.
Ora, pensemos. Não existem, em nossos dias, os que fazem a mesma coisa? Não existem aqueles que ignoram a Palavra de Deus, que se recusam a levar em conta o evangelho, com sua luz e seu conhecimento? Que se conservam afastados da casa de Deus e de toda a forma de instrução no tocante a essas questões; que argumentam que tudo quanto é mister é que alguém seja sincero, honesto em seus negócios, que se dedique à caridade, que seja amigável e afável?
A esses precisamos dizer o mesmo que Paulo disse a seus contemporâneos — ao fazerem tudo isso estão simplesmente estabelecendo a sua própria justiça. Não pomos em dúvida a sinceridade ou a honestidade deles. Admitimos neles ambas as qualidades, tal como fez Paulo no caso dos antigos fariseus. A pergunta vital, entretanto, é: Qual é o valor de tudo isso? Não se trata do caminho de Deus. Não se trata da justiça do modo como Deus a vê, mas apenas da justiça própria. Certamente, a essência da sabedoria é que, antes de começarmos a agir ou de procurarmos agradar a Deus,devemos descobrir o que Deus tem a dizer sobre a questão. Antes de tudo, devemos conhecer o que Deus pensa sobre a justiça e quais as exigências dEle.
Todavia, os homens e as mulheres de nossos dias, tal como os judeus da antiguidade, aceitam ordens de toda a parte, exceto da Palavra de Deus. Dependem das afirmações de alguns escritores modernos e vivem de acordo com suas próprias idéias, não segundo os ensinamentos de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus. Que continuem, que prossigam nesse caminho, cega e ignorantemente. Que teimem em estabelecer a sua própria justiça, rejeitando o evangelho de Jesus Cristo; e por certo chegará o dia quando descobrirão que "aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus" (Lc 16.15).
A pergunta vital a ser feita, por conseguinte, é: A quem estamos agradando, na realidade? A nós mesmos ou a Deus? Temo-nos submetido ao seu caminho? Podemos afirmar que temos sujeitado a Ele nossa vontade, entregando-a a Ele? Em caso contrário, todos os nossos atos de justiça serão como "trapo da imundícia" (Is 64.6), e em nada nos ajudarão.
A segunda maneira pela qual podemos demonstrar a futilidade da confiança no zelo, que não leva em conta o conhecimento, é lembrarmo-nos do padrão que foi estabelecido por Deus. Paulo lembrou aos seus contemporâneos o que disse Moisés, ao transmitir a lei aos judeus: "O homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela" (Rm 10.5). Essas palavras poderiam ser traduzidas da seguinte forma: "Todo que cumprir a lei, viverá por ela". Deus entregou a sua lei, a sua perspectiva acerca da retidão; e, em essência, foi isto o que Ele disse: "Se guardares tudo isso, terás obedecido aos meus mandamentos. É isso o que eu exijo. Essa é a única maneira de agradar-me".
No que consiste essa maneira de agradar a Deus? Examinemos a questão em profundidade. Falamos em agradar a Deus mediante os nossos próprios esforços sinceros. Pois bem, consideremos o que deveríamos fazer. Pode o homem fazer expiação por seus próprios erros e pecados passados? Pode ele apagar as suas próprias transgressões? Pode ele aguçar a sua consciência e limpar a sua memória? Mais do que isso, pode ele viver no presente, de modo que verdadeiramente se satisfaça? Pode ele resistir às tentações? Sempre vive o homem à altura de seus próprios padrões? Pode ele controlar os seus pensamentos, os seus desejos, as suas inclinações e imaginações, bem como cada uma de suas ações? Em outras palavras, por meio de seus mais intensos esforços, pode o homem, e consegue ele, ser bem-sucedido, vivendo, realmente, segundo suas próprias regras de vida?
Consideremos o padrão divino. Leiamos a lei, conforme foi dada aos filhos de Israel, os Dez Mandamentos e a lei moral, que Saulo reconheceu não poder cumprir, apesar de todo o seu zelo, quando percebeu o verdadeiro significado da lei. Examinemos, em seguida, o Sermão da Montanha e as várias afirmativas de nosso Senhor acerca da santidade de Deus. Ponderemos, então, a vida perfeita de Jesus. É isso o que temos de fazer. Essa é a retidão que teríamos de alcançar. Pode alguém realizar tal feito? Podem todas as boas intenções, toda a sinceridade e todo o zelo de que alguém é capaz, prover poder suficiente para escalar tão grandes alturas? Esse é o monte que temos de subir — o monte da santidade de Deus. Somos informados que, sem a santidade, ninguém jamais verá ao Senhor (Hb 12.14). Haverá alguém capaz de produzir tal santidade? Haverá poder suficiente, na minúscula máquina de nossa vida, para conduzir-nos a tão vertiginosas alturas? Indaguemos ao apóstolo Paulo. Indaguemos a Agostinho, a Lutero e a João Wesley. Façamos perguntas a todas as almas mais nobres que o mundo já viu, a todos os de espírito mais sincero e mais zeloso que a humanidade já conseguiu produzir. Então, qual poderoso coro e em voz uníssona, eles responderão, dizendo:
Não são os labores de minhas mãos
Que podem cumprir as exigências de tua lei.
Se meu zelo desconhecesse descanso,
Se minhas lágrimas para sempre se vertessem,
Nem assim seria expiado um único pecado.
Tu precisas salvar e Tu somente!
Ora, se eles fracassaram, quem poderia obter sucesso? Oh, a insensatez, a futilidade, a cegueira e a presunção de toda essa atitude! O que há de melhor em nós e tudo que somos não bastam. E salientemos que, se isso acontece com os sinceros e zelosos, quão mais inexoravelmente condenados ao fracasso são aqueles que não fazem qualquer esforço ou que continuam a viver no pecado, impensada e desatentamente, e que, na realidade, de forma nenhuma se importam com Deus!
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A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
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A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/