A Primeira Epístola aos Tessalonicenses foi escrita por Paulo no final da sua segunda viagem missionária, quando se encontrava em Corinto, cerca de 51 e 52 d.C.
Ele havia fugido para a Grécia por causa das perseguições que havia sofrido na Macedônia, onde estavam situadas as cidades de Filipos, Tessalônica e Bereia, que havia evangelizado nesta ordem.
Tendo sido perseguido em Tessalônica teve que fugir para Bereia, mas tendo seus perseguidores vindo em seu encalço também nesta cidade, teve que fugir para a Grécia, indo primeiro para Atenas, e logo posteriormente foi para Corinto, de onde escreveu a epístola aos tessalonicenses.
Timóteo e Silvano (Silas) são citados na saudação inicial (v. 1), porque haviam trazido notícias da Igreja de Tessalônica a Paulo, quando vieram ter com ele em Corinto, conforme lhes havia determinado, e isto deu ocasião à escrita desta epístola.
Ao dizer que a Igreja de Tessalônica estava fundada em Deus Pai e em nosso Senhor Jesus Cristo no verso primeiro, Paulo não estava omitindo o Espírito Santo, em quem ela também estava fundada, mas simplesmente por ter escrito tais palavras inspirado pelo próprio Espírito, que nunca dá glória a Si mesmo, mas ao Pai e ao Filho (João 16.13-15).
Ele cita o Espírito Santo nesta epístola dizendo que os tessalonicenses tinham recebido o evangelho no poder e alegria do Espírito (1.5,6); que Deus era quem lhes deu o Espírito (4.8), e para que não extinguissem o Espírito (5.19).
Como em todas as suas demais epístolas orou para que a graça e a paz lhes fossem dadas pelo Senhor (v. 1).
A paz é fruto da graça, e por isso sempre vêm juntas, porque a paz, que é tão desejada, não pode existir sem a graça do Senhor em nossos corações, dirigindo nossa vida.
E, também orava dando graças a Deus por todos eles, por causa da lembrança constante que tinha da obra de fé e do trabalho de amor que realizavam para Deus, e da firmeza da sua esperança em Jesus Cristo, diante de Deus Pai; estando certo de que eram verdadeiros eleitos, e por isso seus irmãos, e também amados de Deus (v. 2-4).
Nós vemos Paulo citando no verso 3, as três graças principais: a fé, o amor e a esperança, das quais o amor é a maior, conforme se lê em I Cor 13.13.
Os tessalonicenses haviam crido em Deus Pai e em Jesus Cristo por meio do evangelho que Paulo lhes havia pregado, não somente com a mensagem relativa à Palavra, mas também no poder do Espírito Santo, que operou neles a convicção do pecado, da justiça e do juízo, e que lhes regenerou, fazendo com que se tornassem novas criaturas em Cristo (v. 5).
Paulo disse que o evangelho não lhes havia chegado somente em palavras, mas também em poder e no Espírito, porque não foram apenas ouvintes de uma mensagem, mas foram sacudidos em suas consciências e corações, pelo poder do Espírito, ungindo a Palavra que ouviram, e que transformou as suas vidas.
Eram estas realidades espirituais que davam a Paulo a plena convicção de que eram eleitos de Deus (v. 4).
Onde quer que o evangelho seja pregado com poder, isto será atribuído à operação do Espírito Santo; e a menos que o Espírito de Deus acompanhe a palavra pregada, para torná-la eficaz pelo Seu poder, nós nada seremos além de uma carta morta, porque somente a letra, mata, pois é o Espírito que dá vida.
Esta é a razão de que muitas Igrejas, apesar do seu zelo pela palavra da verdade, não têm a vida de Deus fluindo nelas, porque se apóiam apenas na letra e deixam o poder do Espírito de fora.
Paulo disse aos tessalonicenses que bem sabiam como o Espírito havia operado neles pela Palavra, por causa do modo como esteve entre eles, de maneira que se tornaram seus imitadores e do Senhor, porque haviam recebido e crido na Palavra,que lhes foi pregada, estando também em grande tribulação, por causa das perseguições que estavam sofrendo, tal como ele, mas independentemente destas aflições, haviam recebido a Palavra com alegria do Espírito Santo (v. 5b,6).
Crer e permanecer firme na fé no meio das provações gera perseverança e maturidade espiritual, que são condições necessárias para darmos um bom testemunho de Cristo; e da força do Seu poder operante que atua em nós, nos dando alegria espiritual no meio das nossas aflições.
Por isso, os tessalonicenses se tornaram uma Igreja modelo para todos os cristãos das regiões nas quais se fazia sentir a influência deles, a saber, na própria Macedônia onde estavam também as cidades de Filipos e Bereia; bem como na Acaia (antiga Grécia), com as cidades de Atenas e Corinto, e até mesmo para além destas regiões (v. 7, 8).
O bom exemplo dos tessalonicenses estava deixando boas impressões nos demais cristãos, e toda vez que alguém se torna seguidor de Cristo, esta pessoa será um modelo para outros que a imitarão, assim como ela é imitadora de Cristo.
A transformação da vida dos tessalonicenses e o modo como anunciavam a Palavra nestas regiões davam um testemunho em favor do próprio ministério de Paulo, porque comentavam que debaixo do seu trabalho e da sua pregação, os tessalonicenses haviam se convertido dos ídolos para Deus, para servirem ao Deus vivo e verdadeiro, e a esperarem dos céus a volta do Senhor para arrebatar a Igreja (v. 9).
Assim, quando há esta frutificação no nosso ministério, pela operação segundo a verdade naqueles que alcançarmos para Cristo, isto dará um bom testemunho do nosso trabalho, pelo que for realizado por estes que alcançamos para Deus, tal como era o caso de Paulo em relação aos tessalonicenses.
Os tessalonicenses estavam firmes na esperança do evangelho trabalhando em prol da volta de Jesus, para serem achados por Ele santos e irrepreensíveis na Sua vinda.
Os santos do Antigo Testamento aguardavam pela primeira vinda de Jesus para nos trazer a redenção, e os santos da dispensação da graça aguardam pelo retorno do Senhor, para serem glorificados juntamente com Ele.
Esta esperança é certa e segura porque em Jesus os cristãos foram livrados da ira vindoura, que Deus manifestará no dia do Juízo sobre aqueles que não acolheram a graça do evangelho para serem salvos, porque amaram a mentira e a injustiça (v. 10).