EM NOME DE DEUS

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EM NOME DE DEUS

Ao longo do tempo, muitas coisas têm sido feitas em nome de Deus. Foi em nome de Deus que Jesus foi morto, se é que ninguém parou pra pensar nisso. Em nome de Deus se apedrejou Estêvão, em nome de Deus se perseguiam os cristãos. Porque os cristãos se mostravam amorosos, diferentes, resignados, comunistas (...) e incomodavam a quem detinha a representatividade desse nome de Deus.

Em nome de Deus se instaurou a inquisição da Igreja Católica Romana, que até hoje perdura, com excomunhões arbitrárias e dissociadas de um contexto real. Inquisição que matava, por prazer, executava em praça pública, queimava e como única justificativa, estava o nome de Deus.

Em nome de Deus se instituiu as cruzadas, sinônimo da intolerância e da ambição de reis ladrões, assessorados por sacerdotes falsos e glutões.

Em nome de Deus, dividiu-se o ocidente, institui-se o direito divino ao trono, criaram-se enxurradas de sangue e permitiram-se as decapitações da Idade Moderna.

Em nome de Deus, as religiões tornaram-se sectárias e compraram o céu para si e para seus seguidores. E criaram fardos pesados para que os homens pudessem carregar, destoando do convite de Jesus, onde Ele dizia: "tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve". Entretanto, o que se coloca hoje sobre os ombros dos seguidores dessas doutrinas é pesado demais para uma parte do rebanho. À mulher, principalmente, ficam os fardos mais pesados. Às vezes me passa na mente uma imagem deplorável, quando me recordo das visões da infância em que via o pai de família andando apressadamente para seus rituais religiosos em seus espaços “sagrados” e a mãe arrastando um, dois, três e até quatro filhos, sozinha, atrás de seu marido, numa paisagem bucólica, machista e deprimente.

Em nome de Deus, aparecem profetas, sonhadores e reveladores, videntes obstinados e vestidos em pele de cordeiro, não se reconhecendo no perfil traçado por Jeremias, no capítulo 23 de seu livro (ah! Como faz falta a leitura e o discernimento desse capítulo pelos cristãos!!!), apresentando-se como aqueles que sonham e que têm autoridade pra falar em nome de Deus e, assim, perpetuam uma corrente hereditária de dominações impiedosas, oprimindo o fraco e tornando-se opressor.

Em nome de Deus, lideranças escondem e protegem bandidos, pedófilos, homens maus e violentos, discriminam vergonhosamente a mulher, e ainda se acham guardiões dos segredos celestiais e de seus portões. No entanto, têm o poder de fazer uma lavagem cerebral, de fazer seus súditos crerem que são os únicos mensageiros de Deus na Terra e que fanáticos são os outros.

Em nome de Deus, realizam casamentos. Os sacerdotes se vestem com os mais belos ornamentos e os noivos, na expectativa de construir nova família, ali concordam com tudo o que é dito e dizem sim a todas as perguntas. Mas antes de completarem 24 horas de casados, muitas vezes, a mulher já esta sendo cobrada de sua submissão e função enquanto o homem se auto-isenta de honrar o seu amor e seu sacrifício, como o de Cristo pela Igreja. Ali já assumem a posição de dono da mulher para toda a eternidade (toda a eternidade? – vd. Mt. 22:24-30)e têm todo o respaldo de suas igrejas. Afinal, o homem é cabeça do lar, como Cristo o é da Igreja. E muitos ultrapassam todos os limites da humanidade, tratando a mulher como propriedade, escrava, prostituta. Mas eles estão amparados, em nome de Deus.

Em nome de Deus. Mas que Deus? Certamente, não é o Deus pai de Jesus Cristo, Criador e Sustentador do Universo, misericordioso e justo, que ordena que seus servos auxilie o oprimido e repreenda o opressor. Não é o Deus de Abraão, que a todo tempo invocam, mas não cumprem as suas determinações e mandamentos. Não é o Deus que selou o livro da vida e nele inscreveu o nome de pessoas de “todos os povos, línguas e raças”.

Há muito mais o que dizer. Mas quem sou eu? Insignificante, porque falo em meu nome, e não em nome de DEUS!