MEU QUERIDO PAI
Neste domingo vamos comemorar comercialmente, é verdade, o teu dia.
E eu, que me achava o ser dos seres, virei cinza quando de tua partida.
Faz vinte e um anos, mas, para mim, o tempo não importa.
Importa sim, lembrar da tua sabedoria. Da tua simplicidade. Do teu amor.
A tua passagem foi tranquila, enquanto a minha ficância foi cruel.
E olha que não éramos assim um grude.
Não quero chorar, mas choro. Parece que isto está na constituição
do ser.
Assim como choro a perda de tantos amigos. Não sei ao certo quem perde
e quem ganha. Sei que é muito difícil estar preparado para isto tudo.
Mas, com a tua ida, vieram três novas vidas.
Que, como normal, alegram a minha, que continua a mesma,
contestadora, irracional...mas linda, como toda vida deve ser.
Poeta, como toda vida deve ser.