O MOÇO

Não me perguntem quantos anos tenho, e sim, quantas cartas mandei e recebi. Se mais jovem, se mais velho, o que importa, se ainda sou um fervilhar de sonhos, se não carrego o fardo da esperança morta.

Não me perguntem quantos anos tenho, e sim, quantos beijos troquei!

Se a juventude em mim ainda é festa, se aproveito de tudo a cada instante, e se bebo da taça gota a gota. Ora! Então pouco se me dá quanta gota resta!

Não me perguntem quantos anos tenho, mas queiram saber de mim se criei filhos, queiram saber de mim que obras fiz, queiram saber de mim que amigos tenho, e se alguém, pude eu, tornar feliz.

Não me perguntem quantos anos tenho, mas queiram saber de mim que livros li, queiram saber de mim por onde andei, queiram saber de mim quantas histórias, quantos versos ouvi, quantos cantei.

E assim, somente assim, todos vocês, por mais brancos que estejam meus cabelos, por mais rugas que vejam em meu rosto, terão vontade de me chamar "O Moço!"

E, ao me verem passar aqui, ali, não saberão ao certo a minha idade, mas saberão, por certo, que eu vivi!

*Moacyr Sacramento, o Moa