FELIZ ANIVERSÁRIO
Virgínia Lara! Dezoito anos!
Filha querida! A vida hoje lhe abriu uma outra janela. E você verá através dela um novo jardim de flores preciosas de raríssima beleza. Sairá por ela e andará por esse jardim admirando cada flor de uma maneira nunca feita antes. Em cada espécie, fará uma parada obrigatória, uma reverência para pedir permissão de colher o que ela pode lhe dar de mais precioso. Filha um dia você fez um aninho, lembro-me ainda do corre-corre da sua linda festinha... do velotrol que você ganhou da madrinha, e afoita desembrulhava e dali mesmo já saiu pedalando a casa inteira entre os convidados...
O tempo voou, como um sono comprido que de repente se acorda assustado. Você fez quinze anos! Seu pai era um bebê chorão vendo sua princesa debutar. E eu, eu ficava entre a emoção de um lágrima e o riso, colhendo todos os aplausos que eram tantos. E, modéstia a parte, sei que eram sinceros, pois estavas deveras linda!
Achava que minha filha crescera tão depressa... Logo veio a necessidade de ampliar seus horizontes e você se viu na primeira despedida. Não te enclausurei! Ao contrário, dei-te asas!
Queria ver-te meu rebento, alçar o mais alto e o mais lindo voo. Os anos passaram ainda mais depressa e de novo estás a dar-me mais um susto. Teu jardim lhe oferta hoje dezoito rosas, “Vermelhas e Camurçadas” marcando o teu estilo e tua presença. Orgulho-me mais uma vez de minha cria e vejo-me, novamente uma mãe coruja, ou melhor, uma mãe borboleta, a expiar sua linda transformação. E em cada uma delas, em cada fase, tu te fizeste sempre mais bonita. Mas toda a formosura, e toda beleza que o criador colocou nesse teu corpo físico, não significa um décimo da beleza imaculada e púrpura que encontram no seu interior, todos aqueles que têm o privilégio de amar-te e conviver contigo.
Nesse teu aniversário quero te dar mais um presente, novas asas! Dessa vez, ainda maiores, que hão de lhe permitir voos tão grandes, como os da grande águia que nunca pude ser. Soltarei tuas âncoras, deixar-te-ei ir para efetivar sua emancipação, política e afetiva. Para desvendar o mundo, para tomar suas próprias decisões. Porém sei que terás os pés no chão para frear aquilo que não lhe for conveniente. E o coração aquecido dos nossos beijos e abraços para desejar que voltes sempre ao peito e ao colo de sua mãe e seu pai que a amam desmesuradamente.
Beijo, Mãe...
14/10/2012