Sapatos e cadarços
É assim que somos, você e eu, você é alguém que não consegue amarrar os sapatos, enquanto eu, sou alguém que abaixa para amarra-los.
Você vai pra diversos lugares com os sapatos, e em alguns momentos você também os tira, deixa no canto, anda descalço, de sandálias, de meias, mas quando precisa dos sapatos, você me pede ajuda pra amarra-los.
Eu dou os nós, mas eu faço os nós bem feitos, então eles não desatam facilmente e você pode andar pra onde quiser, correr o quanto quiser sem que seus sapatos se desamarrem facilmente.
Você, as vezes, desata os nós e segue com os cadarços desamarrados, as vezes você troca os sapatos, mas sempre que se dá conta dos cadarços, você vem até mim pra amarrar seus sapatos, e logo depois não há mais necessidade de estarmos ali.
E o ciclo se repete assim, você com seus sapatos, eu com seus cadarços.
Em algum momento, você pode descobrir que gosta de usar sapatos sem cadarços, ou talvez eu venha perceber que não gosto mais de dar nós em seus cadarços, que não gosto de me abaixar pra fazê-lo, ou até, quem sabe, decida apenas te dizer como se faz, sem me importar se você aprendeu ou não a amarrar os próprios sapatos, e logo depois eu me vá...
É, talvez isso não seja sobre sapatos e cadarços...