O amor tão leal contra o mundo

Nessa vida que nunca será perfeita. Quando temos grandes sonhos tudo é mais intenso e o tempo para muitas outras coisas especiais é sugado em nome do amanhã. O problema maior é que quando somos fúteis e desacreditados, resta apenas mais frustração.

Lutamos para que tudo seja melhor, para que a família nos compreenda, para que a sociedade nos aceite. Qualquer grito egoísta que damos é o bastante que sejamos apedrejados. Certamente estão tentando assassinar aqueles que sonham de forma diferente do senso comum e muitos usam da bula cristã, dizem que o símbolo da paz está em seus corações fortalecidos pela guerra em que Jesus Cristo foi mutilado.

A cada dia que passa fico mais impaciente com o mundo. Faço de minha arte uma oração que questiona todas as verdades do mundo, inclusive tudo o que digo é questionável. Estou cansado das regras e da própria falta de regras, eu quero mais amor, eu quero mais loucura, eu quero sabedoria em vez de uma fé medíocre.

Naturalmente quanto mais amor humano se estabelecer na terra, muito mais iremos ser desleais com todo o resto. Talvez eu tenha nascido do ventre triste de Clarice Lispector, talvez eu tenha nascido da visão profunda de Nietzsche. Não nasci é do ódio que isola, é da mentira que existe alguma ordem que poderá salvar a humanidade do caos.

Vamos aproveitar tudo o que existe de simples, vamos abraçar o mundo se o sonho é o sucesso. Claro que não somos idiotas que cometem suicídio antes da glória, claro que não somos tolos que colocam a satisfação pessoal apenas no pódio, somos é a ironia da jornada, somos é a certeza da tragédia. Chorar não é a saída para o mais forte dos fortes, os fortes se alimentam dos próprios cacos de vidros, os fortes são uma única canção que se alimenta da carne que corre na boca dos vegetais.

Um caminho suave não existe, o que existe é um caminho belo para quem percebe belezas nas profundezas da áurea humana. Falar com o coração é tão fácil, basta se esquecer das regras do mundo. Viver falando verdades é tão nobre, que nem sempre precisamos nos esforçar para agradar quem nunca irá nos compreender.

Escritor Joacir Dal Sotto​

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