Um jogo consciente
O jogo do amor é um poema inacabado, é um desejo insano, é uma alegria pelo que existe de belo, é um prazer inexplicável, é a compaixão pelo que existe de mais pequeno no ser humano. A vontade é que transforma água em vinho, a fé é de que nenhum cético ocupa o reino dos céus como também todo cético está longe das maravilhas proporcionadas pelos deuses do fogo. No amor existe loucura e tudo o que falta é preenchido quando o ideal for por amor.
Das cartas de amor restam pensamentos e sentimentos quando a moda não for mais escrever como antigamente, das novas canções sobra público para dançar como se a noite fosse a ponte que leva para um sono profundo até que a tarde comece triunfante. Mesmo que todos fiquem levemente embriagados, serão todos que irão subir de alegria pelas paredes mesmo que acordem todos arranhados e queiram partir para a terra mais solitária que um sábio precisa permanecer para se recompor. Para ir além do ideal é essencial ter a jornada como vitória e a vitória como ponte para que novas batalhas sejam a marca da ousadia.
Quando termina o amor é que o amor nunca existiu, é que o amor está dentro de cada indivíduo e quando despertado não poderá ser nunca mais eliminado. As taças que se quebram eliminam os feitiços quando quebradas por apego ao novo, quando quebradas para serem substituídas por novas peças. Não adianta ter um sono profundo se no despertar não existe profundidade, é melhor vários pesadelos do que a tolice de não intensificar a consciência.
Chegará o dia em que todos estarão com dívidas no amor e para que cada dívida de jogo seja paga é preciso parar de jogar ou apenas amar fortemente para que tudo seja compensado. Tudo o que passou não volta e tudo o que existe nunca dependeu dos costumes ultrapassados para existir, na realidade o que existe é o senhor da bíblia que naturalmente é a vontade individual sendo feita. Todo aquele que busca pelas profundezas precisa de forças para estar além do rebanho e distante da tentação de se tornar um pastor, é que o amor está em estar protegido da multidão e ao mesmo tempo dos demônios indesejados.
Escritor Joacir Dal Sotto