Uma vida de paixões
Deixe com que o amor nos leve de nossa maneira tão especial de viver a vida tão clara. O amor vai pelas esquinas, vai pelos livros, vai pelos gestos, vai até quando resta apenas a solidão. É na extensão do amor que nos perdemos, que nos magoamos, que somos enganados e bem no fundo somos nós que enganamos os nossos tão carentes corações.
Vamos seguir e talvez vamos se deixar levar por ventos em sentidos contrários. Queremos o mundo um do outro e nos esquecemos de que um dia primeiro um irá partir. Sonhamos com o infinito e nos faltam forças para que possamos fazer do agora algo que possamos conduzir eternamente.
Deixo com que as horas passem e me despedaço de tanta luz, ao entardecer caio em um gozo tão humano quanto miserável. Não me compreendem, não te compreendem, não compreendem que a totalidade de nosso amor não passa de uma imensa loucura. Quando somos fortes enfraquecemos, quando caímos somos duas peças que sozinhas precisam se montar novamente.
Deixamos de se falar e em nossa inflexibilidade perdemos tempo, e em nosso tempo tão longo de uma única verdade deixamos da flexibilidade que um dia nos tocou. Queremos moralizar e nos perdemos no primeiro toque em novos corpos. Arrumamos razões para partir e sem nunca retornarmos ao novo continuamos presos como se os sonhos tirassem tudo o que o padre nos fez com que prometêssemos em nossa tão tola pureza.
Sentíamos prazer e agora que fomos engolidos pela moral sofremos sem ao menos querermos novamente experimentar o novo. Encontramos a paz e logo percebemos que é uma luz que vem para ofuscar o nosso brilho em plena guerra, encontramos luz e não percebemos que ainda não fomos capazes de sair da escuridão que ofusca o nosso brilho. Quanto amor e quantas canções precisamos ter para nos libertar? Talvez uma vida. Quanta solidão e quantos dias iremos precisar para que o amor próprio seja o segredo sendo revelado nas margens do rio de nosso amor? Talvez uma vida.
Escritor Joacir Dal Sotto