A CAPACIDADE DE SEDUÇÃO DE UM GRANDE AMOR

O segredo da sedução não está no primeiro ato que leva alguém ao paraíso proporcionado pelo prazer físico, este faz é parte de um grande caso de amor. O amor envolve muito mais do que dois corações apaixonados. É com amor que mantemos um lar seguro das interferências exteriores, é com amor que partimos sem que os filhos sofram, é com amor que protegemos os filhos daqueles que dizem que o casamento precisa ser até que a morte separa os que se casaram.

A sedução é um ato de amor que para manter-se firme precisa de um comportamento compatível, mesmo que instável. A sedução é um ato de amor que para manter-se firme precisa de um caráter invejável, mesmo que por vezes seja símbolo de inflexibilidade. A sedução é um ato de amor que para manter-se firme precisa de uma moral sem que moralistas digam o que é certo ou errado, mesmo que enfrentar os valores estabelecidos e impor novos valores seja uma dura tarefa. A sedução é um ato de amor que para manter-se firme precisa de um grau de espiritualidade compatível com a compreensão das emoções do companheiro ou companheira, mesmo que a irritabilidade precise ser sufocada pela tolerância.

Pelo caminho somos seduzidos e tentamos seduzir quem por ele cruza. A traição fica no passado quando buscamos forças para confiarmos no amor das pessoas e não nas forças instintivas que vigoram em todos os seres. Confiar no novo é difícil após tantos fracassos amorosos, o problema é que permanecer com o coração petrificado sem nada possuirmos além de noites de embriaguez é muito triste. Ter certeza de que nunca seremos traídos é uma certeza tão tola que as lágrimas não podem criar escudos que protejam da traição.

Muito mais que o momento que queremos passar ao lado de alguém em uma noite de mistérios, é o momento que podemos se entregar de corpo até que o coração seja convencido da profunda ligação espiritual de quem quer seguir sem se prender. O amor é o fogo que quando aceso nos retira o ar, é a terra que quando não fértil nos deixa flutuando após experimentarmos um pouco da loucura insistente do outro. A família é amor e sempre será amor, o ego precisa ser amado para que o amor fique protegido, o rompimento nunca é o fim do amor, o rompimento moral é apenas uma prova de que não aguentamos mais tanta humilhação diante tão poucas qualidades.

Dos comportamentos instáveis que se misturam retiramos é a luz da transformação provocada pelo ato de amor. A soma de qualidades, a aceitação do não e o tempo certo para falar ou se calar, fazem parte de quem possui um bom carácter que passa a ser bom para a sociedade, para a família, para si mesmo. O que passa sobre quatro paredes não precisa ser passado aos quatro cantos do mundo da maneira que realmente aconteceu, em geral as pessoas querem ouvir mentiras e caso você tenha a vontade de falar a verdade experimente se calar e verá que mesmo assim muitos irão dizer que o teu caso de amor é um ato de perversão. Quando se dorme abraçado se percebe da grandeza que sustenta o inconsciente, quando se dorme abraçado deixa-se de todos os argumentos usados para seduzir e passa-se apenas a sentir toda a elevação provocada por algo que vai além da compreensão humana.

Se somos loucos, é que somos carentes, se somos chamados de loucos na rua, é que somos muito mais importantes que o resto das pessoas. Os instintos seduzem da mesma maneira que o amor é a loucura, é o desejo, é o prazer, é o pensamento que insiste em levar o corpo para novos momentos além daquilo que todos apontam ser o correto para ser feito. Talvez o novo nos forneça o amor não correspondido, talvez novo seja o nosso medo de expor a ferida não cicatrizada que está viva no coração, talvez o novo seja o que nunca aconteceu em nosso coração por ter prevalecido até ontem uma barreira emocional. Mesmo que a realidade pareça boa, porém parecendo ser ilusória, é apenas com o tempo que veremos uma face se transformar positivamente ou negativamente, é apenas com o tempo que a sedução será mantida ou completamente destruída por nosso medo de confiar no poder da vida.

Escritor Joacir Dal Sotto​

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 26/03/2015
Código do texto: T5184291
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