Curados pelo Amor – Parte 2
Baseado no Capítulo IV do livro Conversão de autoria de Stanley Jones
Só na cruz nosso amor pode ser redimido. Uma dissertação sobre a beleza do amor nos deixaria frios; uma exortação ao amor não nos comoveria; uma ordem para amar nos deixaria insubmissos. A cruz nos derrota, quebra pela penitência nosso amor em mil fragmentos e então os refaz à imagem de seu próprio amor. O amor junto à cruz produz amor em nós. Começamos a amá-lo e, amando-O, nossos amores menores se redimem naquele seu amor verdadeiro.
O teólogo Nels Ferré disse: "Converti-me três vezes: a primeira vez ao cristianismo tradicional; a segunda vez à honestidade; a terceira vez ao amor de Deus e do homem". É lindo, mas a terceira vez foi a da conversão verdadeira - as primeiras duas foram preliminares. Uma conversão que não converte nosso amor básico é menos do que conversão cristã.
A conversão real de Pedro não se deu quando deixou os barcos de peixes para seguir Jesus. Voltou-se para Jesus mais tarde e perguntou: "Nós deixamos tudo para seguir-Te; que recompensa temos?" Sim, deixara tudo, menos - Pedro. Pode-se ver o Pedro não regenerado importunando vez após vez - na contenda por causa dos primeiros lugares, com sua atitude de superioridade. "Ainda que eles todos te abandonarem, eu não te abandonarei" - na relação "eles" - "eu" - eu sou superior; na negação a Jesus, no praguejar e jurar. Por isso Jesus disse: "tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos".
Mas quando foi que Pedro realmente se converteu, então? Creio que junto ao mar, depois da ressurreição, quando Jesus pôs o dedo na ferida: a necessidade de seu amor converter-se. "Perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros?" A ênfase se deu em "mais do que estes outros". Ele havia dito:
"Ainda que todos se escandalizem, eu jamais!" Então Jesus perguntou-lhe pela segunda vez: "Simão, filho de João, tu me amas?" Desta vez Ele suprimiu "mais do que estes" - era simplesmente: "Tu me amas?" A parte de ser mais ou menos do que estes - "Tu me amas?" Então perguntou pela terceira vez: "Simão, filho de João, tu me amas?" Na terceira vez Simão se entristeceu. Por que? Ele percebeu que Jesus punha o dedo nas três vezes que Pedro O negou, perguntando-lhe três vezes se O amava. Foi isto que trouxe a tristeza, a penitência, a rendição. Então Jesus terminou dizendo: "Segue-me". Ele já dissera a Pedro "Segue-me", junto ao mar, quando Pedro deixou os barcos de pesca para seguí-lo. Pedro realmente seguiu - exteriormente, de vez em quando interiormente, mas na maioria das vezes exteriormente. Aqui Jesus pedia a Pedro que O seguisse interiormente, em espírito e em amor. Perto do término, Pedro agitou-se um pouco, perguntando sobre João: "Senhor, e quanto a este?" Jesus respondeu: "Que te importa? Segue-me". Ao entregar seu amor a Cristo, dá ele uma última espiada para seu velho amor de motivos mistos e deseja saber o que aconteceria a João. Era um último suspiro do velho amor. O dele se convertera a Jesus, somente. Agora estava realmente convertido e podia fortalecer seus irmãos - podia fortalecê-los porque não lhes pertencia mais; pertencia a Jesus, em amor. De ora em diante, ele lhes pertencia de modo secundário, pois pertencia a Cristo em primeiro plano. Seu amor foi redimido. Isso é exemplo do passado. Quando nos voltamos ao presente, encontramos a mesma necessidade de redenção do amor - principalmente redimido de um infeccioso amor egoísta. O Dr. Karl Menninger, diretor da Clínica Menninger, em Topeka, chegou à conclusão de que seus clientes ali se encontravam porque não amaram ou não foram amados, ou por ambos os motivos. A carência era de amor. Isto provocou distúrbios funcionais em seus organismos, Chamou, então, os membros do corpo clínico e administrativo da Clínica e expôs-lhes a situação: os doentes ali se achavam por carência de amor. Só pelo amor poderiam ser curados. Atenção profissional, sem amor não daria resultado. A instituição se organizou inteiramente em torno do amor - os contatos com os pacientes deveriam ser contatos de amor.
Desde os mais destacados psiquiatras aos mais humildes serventes, todos deveriam manifestar amor em seus contatos com os doentes. E deveria ser "amor ilimitado". Seis meses depois, procedeu-se a um balanço para se verificar como iam as coisas, e descobriram que o tempo de hospitalização reduziu-se à metade.
Havia uma senhora que durante três anos sentava-se na cadeira de balanço, sem dizer uma palavra a quem quer que fosse. O médico recomendou à enfermeira: "Maria, eu lhe entrego a Senhora Brown, como sua paciente. Tudo que lhe peço é que a ame até que ela fique boa". A enfermeira levou adiante a experiência. Arrumou uma cadeira de balanço igual à da Senhora Brown, sentou-se ao lado dela, e revelou-lhe seu amor desde a manhã até a noite. No terceiro dia a paciente falou e em uma semana saiu fora de sua "concha" - curada.
O Dr. Menninger declara que a metade das doenças é devida ao ódio - e acrescentou que metade dos acidentes também ocorre por esse motivo. "O amor é o remédio". E generalizou: "O amor é o remédio para a enfermidade do mundo".