A PRESSA E A PONTE

Um certo dia, há quase quarenta anos atrás [1.972], no cartório onde eu trabalhava [11º cartório de registro de imóveis de São Paulo], o meu patrão, Dr. Álvaro Barbosa me entregou uma escritura para que eu fizesse o extrato, depois as conferências, afim de promover os registros necessários da mesma.
Todo cheio de razão, e seguro de si, como se fosse o mais sabido dos escreventes, já comecei a ler dita escritura e sem mesmo fazer as buscas, imperiosamente necessárias, apenas pelo que li superficialmente, comecei a redigir uma nota de exigências, procedimento esse normal da serventia.
Entreguei essa nota ao doutor Álvaro.
Ele como sempre educado, cavalheiro, falando baixo para que os meus colegas e demais funcionários do cartório não ouvissem, com ar paterno veio até a minha mesa e me disse:
- CLEMENTINO, meu filho. Você é muito apressado. Jovem. Não sabe de tudo ainda. Você ainda nem examinou direito essa escritura. Nem fez as buscas todas. Faça tudo certo e depois me traga até a minha sala o título pronto. E mais:

“NÃO TENHA PRESSA E NEM SEJA AÇODADO. NUNCA COLOQUE UMA PONTE ONDE NÃO HAJA UM RIO, UM CÓRREGO OU UM VÃO QUE A JUSTIFIQUE”

Jamais vou esquecer esse ensinamento. Agradeço a Deus por ele. É o meu lema sempre, desde aquele dia.
CLEMENTINO POETA E MÚSICO
Enviado por CLEMENTINO POETA E MÚSICO em 06/10/2010
Reeditado em 07/10/2010
Código do texto: T2540869
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