A vendedora de ilusões
A moça, que fazia amor sob a luz dos sonhos de outros, rendada de brilho da lua, tinha uma lágrima na alma, segredada na luta de cada noite.
Era uma Magdalena qualquer.
Vestia-se de carmim.
Rescostava-se no batente da porta de madeira carcomida, e esperava por um novo amor, a cada nova noite.
Doava-se, esperando por algum trocado.
Alugava seus beijos e seus abraços para homens deslumbrados pelo feitiço da bebida ardente.
Mas os anos roubaram-lhe os encantos.
Nem mesmo o batom vivo e as roupas sensuais traziam-lhe presentes.
Um dia o céu tomou-lhe a alma.
E ela, envergada de humilde vergonha, ajoelhada diante de seu Criador, arrepende-se.
Mas, seu " Pai", amável que era, beijou-lhe ternamente sua fronte, levantou-a em seguida e a conduziu de volta ao lar dos anjos.
Porque, nem mesmo quem vende amor, deixará de ser perdoada por Quem ama mais sua alma do que seus pecados.
Sandro R C Costa