O Homem Que Sabe Que Não Sabe

Certa vez cumprimentei por email a autora do livro O Homem Que Sabe, Viviane Mosé, pelo seu trabalho e pela coragem de ter abordado alguns temas tão árduos para a nossa capacidade de pensar.

Capacidade de pensar essa, que raramente se ensina nas escolas e em casa.

Salvo engano, me parece que o que desperta essa capacidade são nossos esforços por escapar do sofrimento, seja de que ordem for.

Lendo o referido livro, me deparei com a observação de que a consciência de si e a consciência do mundo é que causam o sofrimento no ser humano. Mas não seria a ignorância do que somos ou do como chegamos a ser o que somos a causa real?

Vejo que o homem que acha que sabe é o grande responsável pela arquitetura e construção dessa civilização que  domina o mundo atual, mas me pergunto:

Que mundo construiria o ser humano que sabe que não  sabe? O ser cuja consciência tivesse despertado para a beleza, para o essencial, para a compreensão que morrer é voltar para  casa (Fonte), como pingos de água da chuva que vivem seus ciclos e carregam dentro de si os registros indeléveis dos seus percursos.

Tenho feito reflexões acerca dos caminhos da civilização ocidental e percebo a sua hegemonia no mundo, sobretudo na habilidade de criar produtos e consumidores.

Fazendo uma retrospectiva, vejo o espírito dominador do Império Romano continuando após sua queda, mediante a expansão do seu legado mais importante, o cristianismo. A Europa cristã saiu mundo afora conquistando povos "bárbaros e selvagens", ocupando suas terras e destruindo suas culturas em nome de Deus, Jesus. Enfim, impondo sua fé e doutrina.

Se pensarmos no sofrimento humano causado pela  hegemonia da Civilização Cristã, ficamos estarrecidos de tanta crueldade, vejamos apenas alguns fatos marcantes, dentre tantos outros:

a) Destruição da mais importante biblioteca da antiguidade - Biblioteca da Alexandria;

b) As cruzadas;

c) Inquisição;

d) Conquista da África - comércio e escravização dos negros;

e) Conquista da América - destruição das culturas indígenas, apropriação das terras, etc;

f)  Duas Guerras Mundiais, sem contar as milhares de guerrinhas esquecidas.

g) Concentração absurda de riqueza nas mãos de poucas pessoas, cuja astúcia pode desestabilizar uma nação.

h) Expropriação desordenada dos recursos naturais - legado para as futuras gerações;

i)  Como espécie dominadora infligimos sofrimento aos animais reproduzindo- os em cativeiro para o lucro, como cobaias e para o consumo.

j) Etc..

Eu já pensava nessas coisas, mas o tal livro reacendeu minhas reflexões sobre o por que sofremos, que tipo de mundo construímos e como encontrar a paz da mente e do coração, sendo um rebento dessa civilização?

E de pensar que Jesus falava de amor, simplicidade, perdão, compaixão, etc .... 

Compreender o paradoxo é alcançar a liberdade de pensar, mas a

compreensão .... Como me dizia um velho amigo, é uma resposta silenciosa no íntimo do Ser. Logo, não serve para os outros.