A vida do jovem amante
A VIDA DO JOVEM AMANTE (Por Joacir Dal Sotto *)
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Apenas um rapaz que deixou tudo para os outros, ficaram os exemplos, ficou muito dinheiro e as dívidas aumentaram. Ninguém teve vontade de seguir o jovem, em seus sonhos levou filhos até que todos ficassem adultos, em sua realidade levou um riso intransferível. A navalha ficou inutilizada, a arte foi mais vezes comentada. Como se fosse um amor de primeira vez, como se fosse uma aventura sem voltas.
Um futuro brilhante para chegar, um presente brilhante acontecendo. Era melhor terem assassinado quem contrariava e deixaram a idolatria tomar conta. Uma massa seguindo o jovem e quanto mais agressões para tirar do trono um líder, mais mancha na história. Sem ditadura, sendo que o conhecimento do ego foi distribuído como forma de enlouquecer os velhos conservadores.
Nunca mais foi possível ouvir a voz do pai ao entardecer de inverno, nunca mais foi possível abraçar uma mãe tão jovem. A irmã encontrou seu próprio destino, os netos morreram em uma vida passada. Lágrimas faziam bem e a embriaguez nunca afetou o coração. Tudo além da arte e a noite poética bem distante do teatro, este que sempre foi usado como vitrine.
A garra expressa no olhar de quem foi passarinho e agora sozinho é capaz de abraçar o corpo inteiro de uma mulher bela. Pulando pelos galhos é mais fácil, é mais seguro para quem sempre amou suas mulheres. Para um certo passado foi dito nunca mais e para um incerto futuro foi revelado que um talvez poderia acontecer. Os sonhos ganhando corpo e a loucura sendo apenas o sinal da implantação de novos valores.
Rejuvenescendo como se a fala perfeita fosse viver intensamente tudo o que faz bem. Nada de meio termo e mesmo morando na rua é possível acordar ao lado de uma artista plástica, de uma mulher de arte e fibra, de uma mulher que joga sua riqueza para os ventos que empurram os corpos carentes. Claro que sempre foi poeta e jovem, claro que sempre foi deusa e deliciosamente dona de uma pele branca com traços suados, com traços bronzeados que aumentam o tempo de transa. Ao final um beijo de adeus, ao final um novo começo, um começo que elimine a vida diante da inevitável morte que ainda não aconteceu.
* Escritor Joacir Dal Sotto, autor do livro "Curvas da Verdade" e colunista da página "Cura Mental e Espiritual 'Mestre Divino'".