O caminho do que está embaixo

O CAMINHO DO QUE ESTÁ EMBAIXO (Por Joacir Dal Sotto *)

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As palavras bonitas que motivam não passam da potência interior que cada indivíduo é capaz de exalar. Não adianta chorar pelo poeta que morreu, pelo amigo que partiu, precisamos é sorrir pelo que ainda temos que enfrentar. Quase tudo passa e retorna. Precisamos muito mais do que lamentar, precisamos é sonhar e lutar para que o ego pleno seja compartilhado.

Para muitos um fragmento de corrupção poderá preencher uma vida vazia, eu vos digo que apenas um extenso projeto é capaz de sufocar pequenas mazelas do caminho. As ilusões e pesadelos fazem parte dos demônios inferiores que dominam quem não é dominado pelos anjos. Eu cheguei um dia em falar que não iria mais falar em metáforas, o problema é que aprendi que mesmo falando uma verdade é impossível da compreensão abranger todos os corações. Matar não é o caminho e quem proporciona vida é sempre surpreendido por uma notícia triste ao final da jornada.

O que vale a pena ser vivenciado é muito particular, na realidade é sempre intransferível. Bem no fundo de todas as coisas é rezando que faremos aparecer algo melhor, é vivendo um agora de forma intensa que conseguimos acabar com o velho aniquilamento moral que tanto provocamos. De nada adianta acompanhar os ídolos, eu como ídolo quero realmente ser desprezado pelo público miserável que é incapaz de criar o próprio destino. Eu tenho amor pelas pessoas e nunca vou pensar em deixar do abraço, o problema é que uma leitura não resolve todos os problemas.

Talvez Deus seja morto pelos diabólicos e o Diabo seja morto pelos que em Deus depositam todas as fichas, eu vos digo que tudo que está em cima é da mesma maneira que o indivíduo poderá compor para si mesmo na terra. Hermes morreu e o que existe é um dono de si mesmo que poderá se despedaçar na totalidade das coisas que nos cercam. A miséria é condenar tudo o que existe de belo e jamais oportunizar um novo caminho. Queremos sim um caminho fútil em partículas do tempo, queremos sim um caminho além do bem e do mal para que cada maldade seja superada pelo desprezo.

Ao final tudo o que resta é amor, é loucura, é conhecimento, é saber. Quem compreende pouco é enterrado vivo, é enterrado com um impossível querer de recompensa. O caminho é único, é do agora, é do poeta, é da deusa. A glória é o que temos para que o mundo seja melhor, o rebanho é a praga para que o mundo seja guiado por ídolos que não passam da lágrima de compaixão derramada por simples assassinos.

* Escritor Joacir Dal Sotto, autor do livro "Curvas da Verdade".

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 22/03/2016
Código do texto: T5581598
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