A miséria que me irrita

Como é estranho ver um mundo de infelizes, de pessoas que não buscam dar o máximo de amor. Eu não gosto da fraqueza sendo expressa nos gestos, sendo expressa nas promessas. É tão bom ver alguém que além de tentar, sabe que está no alto de seu contato com o novo.

As coisas não podem envelhecerem dentro do coração e se envelhecem é por faltar amor próprio. Todas as glórias e abraços precisam ser parte do agora. Amanhã é muito tarde para amar, para dizer e fazer loucuras.

Ninguém precisa de permissão ou de tempo para agir em prol da realização dos próprios sonhos. A explosão precisa acontecer e todos precisam saber que em cada canção existe uma forma de conduzir novas composições. Tudo o que não é superado, engole quem fica parado vendo o mundo girar.

Quem quer paz mora em um deserto e um dia poderá ser atingido por demônios, quem está nesse mundo precisa da guerra para alimentar o espírito. Os braços estão estendidos, o complexo de inferioridade precisa ser superado. A água cai do céu para que todos que estão na terra possam nela fluírem.

Existe muita falsidade em uma divindade que diz que um amor precisa ficar para outra vida, não existem outras oportunidades por não existir o poder de levar todas as coisas do presente para outro momento na linha do tempo. Eu quero tanto que me entendam e também não aceito ser agredido sem usar do espelho que acompanha o meu espírito. Tudo está no coração e sem vontade para se entregar ao risco nunca surgirão belezas.

Muitos deveriam desconfiar das igrejas que retiram a sede da totalidade que compõe o indivíduo, está no indivíduo toda a riqueza que move o universo. Se cada um é incomparável, que façamos sempre diferente para que sejamos a diferença que agita alegremente o mundo. Que os fracos resgatem as forças que perderam para o preconceito moral, que os fortes fiquem mais fortes até que novas gerações sejam a verdadeira integração do novo com o velho, tudo em um eterno caminho de transmutação.

Escritor Joacir Dal Sotto​