A explanação de meu ego
Para dissolver os meus pensamentos tento me conter em meio ao povo, sou demais sábio para depender dos outros no sentido das reflexões que movem o meu universo. Tento ouvir canções no mais profundo isolamento para não fazer de meus momentos algo compartilhado com quem não me compreende. Em minha arte exalo uma partícula do que sou para uma multidão que nunca terá o que tenho.
Vejo muitas maravilhas compondo os pensamentos de quem me rodeia e sei que nunca vou me igualar aos que estão fora de meu ego. Sei que não está no exagero e equilíbrio toda a falta ou fartura, está no ponto que agora cabe ao indivíduo que busca por si mesmo, sem degradar a convivência por se afastar-se daquilo que acredita ser fonte de futilidades. Eu preciso guardar apenas aos meus amores muito do que sou, para não ser confundido como um normal na terra de estranhos que desconhecem o próprio riso.
Talvez eu tenha pretensões fabulosamente superiores ao senso comum e não queira ferir aqueles que invadem o meu espaço. Sou a luz que entra com suavidade no coração de quem me respeita, sou a linha que rasga corações quando a questão é a defesa daqueles que me fazem tão bem ao anoitecer. Poeticamente faço da filosofia toda a poesia que representa os valores que me são convenientes.
Estarei por todo sempre em meu agora que quando não é de arte, é indescritível aos tolos que não me enxergam fazendo amor entre quatro paredes. Vou deixar o legado que nada fica para trás aos olhos daqueles que escolhem partir. Tenho segredos para serem revelados ao grande público que corre atrás do pote de ouro, o problema é que a totalidade fica bailando no ar, para que apenas os fortes possam decifrar a mensagem que poderá transformar vidas.
Não tenho orgulho em destruir e em minha construção chego ao infinito, sem lamentar pelas coisas finitas que me movem em novas escolhas. Penso que o ponto central de todas as coisas esteja no coração que causa explosões, fazendo das pequenas surpresas do cotidiano toda a razão da existência. Ao mesmo tempo que questiono todos os valores existentes e flutuo em imensos conhecimentos, tenho o poder de escolher e dentro de minhas passageiras escolhas consigo intensificar o que nasceu com pouca energia, consigo alternar estados emocionais para não ser levado pela tola crença de que existem verdades absolutas.
Escritor Joacir Dal Sotto​