O tempo que nos agrada
O tempo parece não ter mais final nem início, todo fim e toda a origem perderam o sentido diante do agora. Existe apenas uma dança que encanta no abismo, que encanta nos bons ventos que surgem durante a escalada. Parece que os mortos deixaram de viver quando negaram a vida carnal, parece que os vivos são apenas mortos quando confiam no amanhã.
Perdemos toda a conexão que um dia tínhamos com os tolos por pura intolerância para com a mediocridade, chegou o momento em que o nosso jogo é apenas pela vitória. Somos o guia ideal para que o novo possa se orientar e também não suportamos mais toda a hipocrisia dos velhos ultrapassados. A nossa hora, como os conservadores preferem dizer para quem atinge o ponto certo da vida, finalmente chegou.
Estamos entre os guerrilheiros que em meio da guerra de sangue fazem rituais estranhos na caverna construída nas profundezas da terra. Não queremos mais ser compreendidos ou apoiados por quem sempre nos negou, queremos apenas provar que nada precisamos provar, queremos apenas provar que o mundo é muito mais que um rebanho por representar apenas o coração de cada indivíduo. Em nossa safra não existe crise por existir uma união fraternal ao redor da fogueira em que quando não existem risos fáceis, toda a embriaguez mostra um novo sentido ao risco que corremos.
A parada perfeita que fazemos em meio ao deserto ou do grande público nos torna superiores ao que existe de miserável na lamentação, na esperança. Deixamos com que toda a dor fique pregada no coração de quem não busca pela liberdade, deixamos com que o prazer seja ao mesmo tempo enquanto existe desejo também uma forma de dizer que estamos além do bem e do mal. Quanto ao que concluímos ou passamos para quem nos acompanha existe apenas uma bomba para explodir cordeiros, existe apenas uma bomba para explodir sábios e outra que torna a vida bela quando existe um momento de beleza que possa ser prolongado pela eternidade.
Escritor Joacir Dal Sotto​