A RESSURREIÇÃO
Neste terceiro dia da morte de 2014 e sua ressurreição vestindo a mesma túnica carimbada com a marca de 2015, eu queria tanto escrever um poema, um conto ou um canto, ou simplesmente um único verso, mas que fosse um diadema do universo, repleto de esperança. “Mas eis que vem a roda viva e carrega tudo pra lá” e faz da tinta da minha pena um fluído quase incolor, que apenas mancha a brancura do papel com a sombra da humana maldade – de todos a maior pena! É a roda viva girando e me frustrando, girando e carregando tudo pra lá. Pena que não carregue a fome dos esmoleres sedentos de ouro e vazios de dignidade, pena que não carregue a sanha do Poder sempre no coração e nas mãos dos ímpios. Pena que não carregue as injustiças, a violência contra as mulheres, e os cultores da corrupção que torturam a fé criança e matam a esperança. Pena que não carregue para o limbo toda a mazela humana, e todo regime anticristo, no terceiro dia, na ressurreição do ano velho e na sua perenização como um único ano, sem numeração, mas com um nome; o ano CRISTÃO, a imperar eterno, num planeta escoimado da maldade humana.