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Um dia me senti poeta, mas sabia não sê-lo (sou apenas um amador). Outro dia me senti cronista e igualmente não me iludia. Noutro dia me atrevi e me pus a poetar e a escrever a torto e a direito e, então iludido e tardio, adentrei no portal mágico do RECANTO DAS LETRAS. E como um patinho feio já adulto, comecei a ser chamado, por respeitáveis poetas, poetisas, escritores e escritoras, também de poeta e escritor. Me empolguei e não parei mais de “escrevinhar”. E fiquei a imaginar: será que dizem a verdade? Ou querem só me agradar? Se for a primeira hipótese, pensei, não é que eu era e não sabia? Mas logo pensei de novo como um patinho feio: e se prevalece a segunda hipótese? E eu mesmo respondi; não faz mal, não me canso de ouvir que uma mentira mil vezes repetida se faz verdade magistral. Logo desejei com todas as forças que a inverdade, neste caso não seria maldade e, se fosse prevalente, que se fosse também se repetindo indefinidamente até que, por fim se tornasse, como no dito popular, verdade a libertar, de mim, finalmente um cisne. Negro por estar esboçando, talvez, seu derradeiro voo, feliz por se ver refletido nas águas cristalinas da poesia, da palavra escrita a maestrina. Sem desdita, como num sonho maravilhoso, como num alçar suave e virtuoso, no rumo do paraíso. O derradeiro canto, no último juízo.