Em busca da beleza
 
© Sarah D.A. Lynch


O que vou dizer abaixo me parece óbvio a ponto de doer, mas vamos lá.
 
Quase todo mundo ama bebezinhos, sejam eles humanos ou não. Afinal, eles são fofinhos, divertidos e lindos. E quase todo mundo ignora, detesta ou faz troça, de pessoas idosas e animais idosos, sujos e feridos. Inclusive já recebi diversas mensagens pedindo-me que não mais coloque fotos de gente ou animais feios  e/ou feridos na minha página, porque isto “baixa o astral”, “deprime”, “entristece”, etc  e tal.
 
Também são inúmeras as mensagens que recebo contendo lindas figurinhas aconselhando você a cercar-se apenas de pessoas “que lhe acrescentem”, e a afastar-se de tudo o que possa lhe causar desconforto ou choque ou “baixe seu astral”. Bom – sem contar que geralmente essas figurinhas contêm básicos erros de gramática e sintaxe, elas contêm um absurdo erro de percepção.
 
Se você é tão sensitivo que a visão da necessidade alheia o deprime a ponto de você sair correndo, sinto muito, mas há algo bem errado com você.
 
Quer um mundo de saúde e beleza a seu redor? CONSTRUA-O.  Fugir da doença e da feiúra não vai lhe ajudar em nada – os doentes, necessitados e atrofiados estão por toda parte.  Afinal, eles formam a esmagadora maioria do mundo! Além do quê, bebês crescem, saúde se vai, beleza se esvai. E é em busca da juventude e beleza que 95% dos homens abandonam mulher  e  filhos, quase sempre  na penúria – para acercar-se de alguém que “lhes acrescente”.  Os outro 5% são os homens livres – quer dizer, não são prisioneiros do que têm entre os joelhos e a cintura.
 
A percentagem de mulheres que fazem a mesma coisa é muito menor, pelo simples motivo de que a mulher se preocupa com os filhos mais do que com sua satisfação sexual. Quer dizer, 95% das mulheres são livres), e 5% são escravas de si mesmas, abandonando os filhos ao deus-dará, em busca de uma sempre-fugidia satisfação.
 
Sinto muito, mas, se você já fez isso, não adianta adoçar a pílula: você foi um/uma imbecil. A busca pela beleza não está em TROCAR as pessoas e animais e lugares ao seu redor, mas sim em MUDAR-SE A SI MESMO, e, através de uma percepção maior de seu próprio papel no seu mundo, mudar o que o cerca.
 
Você deveria ser um agente livre, e deveria aproveitar essa liberdade não para viver em fuga, com medo de que se lhe “baixe o astral”, mas sim para criar um mundo melhor para si, para seus filhos, seus amigos, sua/seu companheira/o, os animais que o cercam.
 

 
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 20/12/2014
Reeditado em 25/04/2016
Código do texto: T5076042
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