O BOM LADRÃO

O BOM LADRÃO

De: João Batista de Paula – João Batista de Paula. Escritor e Jornalista.

O bom ladrão...

O Ladrão roubou até os meus óculos!

Passou no jardim de minha casa, roubou uma flor; eu não disse nada.

Passou no dia seguinte, roubou outra flor; eu não fiz nada.

Em outro dia, ele levou a Lâmpada da varanda; eu não fiz nada.

Da próxima vez, ele retornou, forçou a porta e levou a televisão; eu não fiz nada.

No outro dia, ele retornou, levou as roupas do guarda-roupa, pegou mais uma televisão, pegou celular, um ventilador; e eu nada fiz.

Dia seguinte, ele entrou na casa, levou as joias e todo nosso dinheiro; eu nada fiz para impedir.

Fiquei só observando a esperteza dele e ate que ponto ele ia chegar.

Em outra ocasião, ele retornou e levou as portas da casa; não fiz nada. O medo tomou conta, preferi ficar escondido e observando a astúcia dele.

O Bom ladrão retornou e levou as telhas e todo telhado, apavorado, fiquei calado; mas, não fiz nada.

No dia seguinte, ele descobriu onde estava o carro da família. O bom Ladrão levou o carro da gente. Nada eu fiz.

Levou o carro como se fosse carro de mudança, cheio de cama , mesa, fogão, geladeira, sofá, relógio de parede, inclusive, as imagens de santo.

O ladrão fez uma mudança completa da nossa casa que ficava longe da estrada para uma casa que ficava perto da estrada. Eu cruzei os braços ao perder meu teto, minha casa, meu dinheiro, meu jardim, meu carro, minhas joias, meus bens, meu habitat.

Nada fiz!

Esqueci que a Justiça era Cega e não olhava para impedir a ação do bom ladrão em fazer a mudança da minha casa. Ela não viu o bom ladrão em circulação.

Lembrei que Deus perdoa não uma só vez; mas, setenta vezes sete vezes.

Então, fiquei impotente em fazer alguma coisa para inibir o roubo do ladrão.

Se a Justiça nada fez e, ainda, Deus perdoa setenta vezes sete vezes, quem era eu para tirar o "Bom" do Ladrão, que ficaria sendo só ladrão.

Graças a Deus que o ladrão não levou minha vida; e nem meu pensamento, nem minha boa fé, nem minha inocência, nem minha esperança de que todos se tornem dignos de uma vida melhor, com paz, saúde e prosperidade, segurança, respeito e limites.

O Bom ladrão não viu a essência de Deus...

O Bom Ladrão se deu bem gerando a infelicidade de alguém.

De quem é a culpa?

Culpa é a minha, pois, quando ele jogou a primeira pedra não me defendi; preferi correr o risco dele voltar e jogar uma pedra maior.

O culpado foi eu que atrai o bom ladrão e não fiz o dever de casa: O de Orar e vigiar.

Então, recomecei do zero, sem gerar aquela atmosfera negativa e nem de conflito, máculas e pensamentos vingativos.

Recomecei uma nova casa, com novos bens, com novos valores, novas flores; mas, em lugar seguro, em rocha firme, para que nem o Bom Ladrão, nem o vendável e nem a tempestade levem o que é todo meu.

A gente só se previne quando é roubado! Ninguém é cem por cento inutil; serve de mau exemplo.

Ladrão é...

Ladrão é aquele que possui bens que não precisa, mediante a realidade tal como ela é.

João de Paula
Enviado por João de Paula em 19/03/2014
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