MOTIVO

Por que deve haver um motivo para tudo? Chego a singela conclusão de que vivemos para o motivo.

Por que motivo nascemos, estudamos, crescemos e morremos? Acredito que quem nos criou nunca quis que descobríssemos os motivos.

Pare e pense; você vive, nesse meio tempo acontecem tribulações e coisas inesperadas, daquelas que te trazem, supostamente, a ruína. Então, precisa descobrir o por que daquilo ter acontecido, busca incessantemente as respostas para tudo.

Ao nascer vai a creche para os primeiros passos, depois vai “evoluindo”, sempre estudando e buscando razões, razões estas impostas pela sociedade por que a mesma acredita serem as corretas. Depois os anos passam com a obrigação do aprendizado, e você acreditando que aquele é o caminho certo e que de certa forma já sabe demasiadamente das coisas. Chega o período de decisão, mais uma vez deve-se optar, continuara como manda a sociedade ou se exilará?Acaba escolhendo seguir o modelo imposto e entra em uma universidade, para supostamente aprender o avançado. E é claro, esquecendo que nem o básico sabe. Afinal não sabe qual é o seu motivo existencial, e acredita que lá ira encontrar!

No dia da formatura do curso escolhido pega o diploma triunfante, achando-se o maioral, não demoram poucas semanas e percebe que no final de tudo ainda é uma casca vazia, não aprendeu absolutamente nada! Como sua vida não tem estrutura nenhuma e a solidão o acerca, procura novamente o saber, lendo livros compulsivamente, buscando no passado a chave para o futuro. Querendo que alguém de uma certa forma o explique, mostre o por que? Aliás, por que do que?

E assim vai indo até o final da curta existência, a busca do motivo final...

Ai, eu pergunto. E se não houver este motivo? Se não “quiserem” que saibamos de muitas coisas. Observe, às vezes nos brotam ideias, estranhas, nunca vistas e aos olhos dos ditos normais, loucas. Martelamos elas o dia inteiro, querendo descobrir de onde vieram, por que estamos pensando nisto, que raios eu posso fazer por elas, e se não tomar cuidado, piramos geral!

E o engraçado é que de uma hora para outra estas ideias somem é,(puf) desaparecem sem deixar vestígios como se passassem uma borracha mental. E você, ser humano, volta a viver normalmente sua vidinha, como se de uma hora para outra começasse a interpretar seu papel. Já tive suposições, de que nos dão um roteiro e assim o seguimos, já tive muitas outras ideias fantásticas de arregalar os olhos que me são tiradas em um piscar. Eis algumas delas:

- Por que nós achamos que somos donos da pessoa amada? Ninguém é dono de ninguém, por que raios acreditamos que aquela pessoa não pode se envolver com outra. A resposta seriam os sentimentos? Amar é algo mesquinho? Isso não é amor, então o que é amor? Há cerca de vinte respostas que tenho para isto, mas descrevê-las é cansativo.

- Quanto mais se aprende mais ignorante se fica. A sede pelo conhecimento é insaciável, nunca iremos conseguir deter esta vontade, mas para mim ela não é uma coisa boa, pois como já descrevi ela leva a estados de êxtase. Quero e tenho que descobrir tudo! Tudo o que?

- Não acredito em nenhuma religião. Todas têm verdades e mentiras e muitas coisas boas. Cada uma é berço de mentes que um dia, assim como eu, estão tentando trazer algo de bom. Penso que se todas as igrejas, doutrinas e teses se juntassem, sairiam coisas maravilhosas. Só na minha cabecinha de jiló não é? Infelizmente ou felizmente há muitas divergências, entrar em um acordo seria impossível, mas quem sabe um dia... Eu, basicamente, aproveito o que me convém, então era o que aconteceria se todas se juntassem. O que me faz pensar em outra ideia.

- Eu! Minha convicção, sou guiada exclusivamente por ela, e não negue todos somos. No fundo você defende sua opinião até a morte. Posso ler livros de autores renomados, tentar entender o porquê de ele pensar assim e concordar vez ou outra sobre um assunto, mas nunca o aceitarei por completo afinal a minha visão é a melhor visão! A solidão é o mal do séc. XXI, bobagem! A solidão é um mal do universo, o ser humano é individualista, aceite isto! E o vejo por simples ações cotidianas:Ao sentar em um ônibus lotado e pouco depois entrar um senhor (a) idoso (a) qual será sua reação? Depende, uns fingiram dormir, outros ignorarão completamente e alguns se levantarão. O bom samaritano não levantou por ser santo e sim por que suas concepções o levaram, do contrário se martirizaria o resto do dia, e digo mais, inconscientemente o individuo esta rogando pragas ao idoso. O mesmo acontece ao lado oposto que ao não conseguir sentar despreza o individuo que não lhe cedeu lugar, esquecendo que o mesmo pode ser um operário que trabalhou mais de oito horas em pé, estando ao ponto da exaustão.

- Coloque-se no lugar do outro. Certamente se nos fizermos este simples atos, muitas tragédias deixariam de acontecer. A mãe que matou o filho, e vice e versa. Ambos têm suas razões e querendo ou não deve ser analisado o histórico de ambos. Não estou dizendo que o ato foi certo, até por que não existe certo e errado, existe a sua concepção, somente ela os determina, mas o fato é que se os dois se colocassem no lugar um do outro não haveria tal ato. Compreensão e perdão duas coisas distintas tão semelhantes entre si.

- Como não achamos maneira alguma de encontrar o “motivo”, tentamos mostrar aos outros os nossos motivos, como? Escrevendo, falando, pintando, bordando, cozinhando, agindo. Temos que mostrar que nossas concepções são as melhores, veja, é o que estou fazendo agora,te induzindo a pensar que todas as minhas ideias são as certas. É o que fazemos o tempo todo, pois somos individualistas, mas as suas ideias são diferentes das minhas, que são diferentes do seu José da padaria, que são completamente opostas a Marx... e assim segue o ciclo de imposições.

- Ah! Os milhões de mistérios da humanidade, se soubéssemos o porquê! Eu lhe digo, nossos neurônios queimariam com tanta informação. E vamos fazer o que a respeito? Nada. Vamos continuar vivendo, tendo ideias e as esquecendo, acreditando piamente em nos mesmos e por ai vai. Até que chegara um dia, na minha concepção, em que entenderemos o porquê de tudo. Mas até lá é melhor dar uma de ignorante e ir seguindo, escondendo certas coisas, afinal não são todos que irão lhe escutar e raros os que vão te entender.

(Baseado no meu conceito de vida. Se um individuo que passa fome todos os dias, não foi alfabetizado e é o tal “ignorante” da sociedade colocasse aqui sua concepção certamente sairiam coisas distintas. Retratamos a realidade que vivemos, o que nos é perceptível, o resto só nos agrada algumas raras vezes)

Fernanda Koziel
Enviado por Fernanda Koziel em 18/04/2012
Reeditado em 21/10/2015
Código do texto: T3619828
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