A era da realidade paralela

A internet hoje é um veiculo que “distância e aproxima”; vivemos hoje em uma realidade paralela, tentamos ser o que não somos, brotamos para fora verdadeiros sentimentos que jamais revelaríamos a qualquer ser humano. Neste mundo onde temos nossas tribos, nos identificamos com nossos comuns, sabemos onde buscar e o que buscar. Tudo temos, vemos o que nos agrada e ponto.

Poderíamos dizer que é uma vida perfeita para todos, agrada em consenso. Onde a celebridade somos nós mesmos, um curtir, retweet, tornam-se um diploma. Minutos ou segundos de fama, algo banal. Muitos depoimentos são sinais de popularidade e o que dirá os milhões de seguidores ou “amigos”? Por esta razão se diz algo essencial a todos. Aqueles que não se situam neste conceito, são simplesmente ignorados e rotulados.

Não que isto não exista na “vida real”, mas é uma nova linguagem, estilo de vida, precisamos compartilhar qualquer coisa, há necessidade disto. Algo mecânico e triste, pois somos solitários sem perceber, pensamos estar perto quando nos distanciamos cada vez mais conversando com uma máquina.

Com certeza, a era da tecnologia trouxe avanços simbólicos para a humanidade, mas sem sombra de dúvidas a deixou mimada e preguiçosa. Na antiguidade, antes do surgimento da imprensa, eram poucos os indivíduos que tinham um livro, escrito a mão, extremamente valorizado, chegava a ser um dos mais valiosos artefatos da família. Hoje não, a facilidade com que se tem informação torna-se fútil, aquela velha história: Posso saber sobre este assunto quando eu quiser, não é necessário que eu o veja agora. Portanto não o vê nunca!

Assim, dentro deste ciclo sociológico vicioso ficamos segmentados sobre o poderio que exercem em nossos cérebros inaptos. Perdemos a capacidade crítica, aceitamos de bom grado a desgraça e poluição visual que nos é imposta. Gostaria de pensar que o senso comum vai bem além do pão e circo, mas tal hipótese já foi descartada há tempos...

A cultura brasileira é uma mescla ousada, porem não é bem aproveitada. Me pergunto como será o futuro que deixaremos a nossos descendentes com tais restos de indignação? Onde, musica para ser “boa” deve ter apenas um verso, ser de fácil memorização, falar sobre coisas supérfluas; imagino como estariam os grandes mestres pensadores, bravos guerreiros que lutaram pela liberdade de expressão, ouvindo tal afronta...

Devemos sim ter a liberdade de opção, você escolhe o que lhe agrade, mas preste atenção no que isto te acrescentara como ser humano. O que realmente quer? Este seria apenas um aviso para um futuro próximo, onde uma boa prosa em um jantar entre amigos seria mera utopia, ouvindo/vendo conteúdos alienados com nossos olhos de robôs. Que tal dar uma pane no sistema e ver o que acontece, ou vai esperar que te reinstalem novamente?

Fernanda Koziel
Enviado por Fernanda Koziel em 13/03/2012
Reeditado em 28/12/2015
Código do texto: T3551934
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