("Cosmos sulphureus" ou "Bidens sulphurea")
Série: "Flores e Cores do Brasil"
Foto: Henrique Secundino.


FAZ UM ANO QUE CHEGUEI AQUI


           Faz um ano que cheguei aqui. Desde
o primeiro dia, gostei imensamente do que
vi: uma galeria que abriga poetas e poetisas
talentosos, notáveis escritores e mestres da
literatura contemporânea. Um achado de
considerável valor para mim, que sempre
desejei encontrar um canal que me levasse
diretamente ao mudo mágico das letras...
           Despretensiosamente apresentei-me
como calouro e fui recebido com boas-vindas.
           Coloquei aqui meu coração de poeta,
tímido, mas aberto e sincero. Percebi que
podia falar de minhas recordações, meu
passado,  minhas saudades, meus sonhos...
           Remexi minha memória e tive mil
recordações: a infância distante, a vida  de
menino da aldeia, a primeira escola, minhas 
veredas, as bricadeiras de esconde-esconde,
as primeiras paixões, as cores do
arco-íris depois de cada chuva, o ruído das
cachoeiras, o futebol informal com a
garotada do campinho, serenatas ao luar,
noites reconfortantes, amanheceres suaves,
abelhas laboriosas, borboletas coloridas,
milhares de passarinhos, manhãs ensolaradas,
dias promissores, canteiros coloridos,
flores e amores inesquecíveis...
           Mas, também lembrei-me de momentos
de angústia e desânimo: a chegada à cidade
grande, os dissabores e as decepções...
           Despedidas amargas que jamais seriam
esquecidas, ninhos vazios, noites escuras,
caminhos longos e sombrios...
           Ousei falar dos frutos da minha
imaginação: eu acompanhado de uma viola
desafinada junto ao balcão de um botequim,
ou a dirigir meu carrão antigo pelas avenidas
da minha fantasia.  Às vezes, uma conversa
amigável, mas arrepiante, com assombrações
e lobisomens (credo!). Falei dos meus
sonhos de paz, liberdade, vida... Falei de uma
viagem pelas profundezas do cosmo: estrelas
distantes, cometas sonolentos e bilhões
de galaxias... Falei da eternidade espelhada
na grandiosidade do universo, e diante de
tantas grandezas, tive de reconhecer a
extensão de minha insignificância, minha
fragilidade...

           Hoje quero abraçar cada amigo que
me incentivou e me acompanhou ao longo
deste primeiro ano de RL e dizer:
muito obrigado!... Ao mesmo tempo que olho
para o céu e reverencio a Divina Providência!

               

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            A todos que de alguma forma
ajudaram-me nesta empreitada, meus
agradecimentos e um grande abraço!

            Uberaba (MG), 19 de janeiro de 2012.
                Henrique Secundino.