"AMANHECER"
Sobre René Cambraia
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Do alto dos meus sessenta e dois anos, orgulhoso dos filhos lindos que tenho, das árvores que plantei e dos doze livros que escrevi, entre mais de oitocentos textos publicados na internet, poesias, contos e tudo mais que me deu prazer. Mas ao amanhecer eu me transformo. Sou o poema que faço, a sina que encarno e as impressões que faço e desfaço. Sou a soma dos livros que li e que escrevi, dos lugares onde morei, das pessoas que amei e das ações humanas que admirei. Sou o resultado das coisas que descobri, da vida que desejei e as portas que abri. Sou o riso, as lágrimas e as lágrimas de puro riso. Sou as memórias que ficaram, os pedaços espalhados, alguns recolhidos e outros perdidos. Sou o grito do contrário, a voz calada quando necessário, sou o olhar que tudo diz e de fácil interpretação. Por vezes sou o pensamento em desalinho, o terno de linho e ou uma taça de bom vinho. Sou ainda um ser alado no aquecimento, mesmo nos raros momentos de dor, sem linimento. Sou a promessa cumprida, a mão de “Midas”, a corda comprida. Sou o choro desatado, o riso desbragado e as emoções soltas, mas controladas. Eu sou a mão que acolheu, a injúria sofrida, a acusação descabida e o verbo que salva no tempo certo. Sou pura glória acreditada, sou paixão e apaixonado. Sou divertido, sou o resultado dos meus sonhos e dos meus encantos, das minhas construções e do coração desperto para o bem. Sou a vida feita em pedaços, a felicidade de muitíssimos momentos, o olhar que cresce para ver a lua, a caminhada no meio da rua e que se expõe ao sol. Mas...quando amanhece, sou o vento passageiro, posso ser a tempestade, a brisa, a bússula, posso ser o fogo, mas jamais as cinzas. Sou quem te beija na matina, quem te dá o primeiro sorriso todas as manhãs para que você também sorria o dia inteiro, juntamente comigo.