Lanceta automática

Se é, com certeza sabe da sua importância e, independentemente de algum trauma pessoal que porventura tenha, certamente procura, na medida do possível, cumprir o ritual da doação - sempre que solicitado ou mesmo antes, de acordo com os períodos e condições permitidos.

Sou doador há mais de dez anos e só não o fazia religiosamente por um motivo muito simples: o furo na ponta do dedo. Aquele era, para mim, o momento do sacrifício supremo. Pensava mil vezes antes de ir para o posto de coletagem só pelo trauma daquele instante. Sabia que seria rápido e por isso ia, mas Deus só sabe como...

Foi uma grata surpresa, portanto, fazer doação no Banco de Sangue do HBP* - quem dera o tivesse feito antes! Quando a enfermeira pediu o dedo, respirei fundo e, como sempre, olhei para o lado disfarçando comigo mesmo para não ver o momento da picada (ou do corte - pois essa era a impressão que eu tinha antes). Pensava, até então, que se usava algum tipo de gilete e me arrepiava só de pensar nela. Desta vez, porém, não senti quase nada. Não resisti à curiosidade e perguntei o que havia de diferente. Soube, então, que usavam, ali, lanceta automática.

Mais tarde, ao término da doação, retornei à sala e perguntei às atendentes qual era a diferença entre aquela e a outra. Uma delas me mostrou as duas e explicou porque a manual causava dor. Explicou como funcionava cada uma delas e eu tive certeza, naquele momento, de que nunca mais usaria a outra.

Perguntei, também, porque todos os hospitais não usavam a automática - já que a manual traumatizava tanto - e ela me disse que devia ser pela diferença de preço. Não pesquisei e não sei, portanto, os valores envolvidos. Nem me darei a esse trabalho. Prefiro fazer uma pergunta direta a todos os bancos de sangue e, principalmente, aos que ainda utilizam a manual: qual é o valor real do sangue que pode salvar uma vida e que muitas vezes deixa de ser coletado por esse simples motivo?

Uma coisa, porém, é certa: da próxima vez que for doar sangue em outro local exigirei a automática. Do contrário, recusarei a doação - sem constrangimento ou remorso! Afinal, agora sei que não depende só de mim (ou de nós). Mas também, e principalmente, de todos os setores envolvidos na coleta. Inclusive os responsáveis pela campanha "Doe Sangue!"

Sugiro que padronizem de forma regulamentada o uso da lanceta automática e divulguem isso. É, na minha modesta opinião, o melhor que podem fazer pela campanha!

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Doe sangue! Você pode realmente salvar uma vida - principalmente se o seu fator RH for do tipo "O" Negativo, como o meu, que é raro e universal na doação. E o mais importante: não dói nada... com lanceta automática! Do contrário, só se for masoquista. Afinal, hpá gosto para tudo e até quem sinta prazer com isso. Garanto, não é o meu caso!

Mas possp dizer que a partir de agora poderei até sentir um certo prazer - pela importância do ato - em fazer doação. Algo que antes era anulado pela sensação de desconforto causado pela iminência do sofrimento desnecessário.

A Saúde no Brasil precisa realmente de alguns ajustes... É necessário, portanto,reapertar alguns parafusos soltos e trocar outros totalmente espanados! Com certeza há muita coisa nessa área para ser melhorada.

Parabpéns, portanto, ao *Hospital Benefiência Portuguesa que tirou-me da ignorância, trazendo-me motivação e desprendimento. Que outro sigam seu exemplo! Não deve ser tão difícil assim...

*Rua Martiniano de CArvalho, 1009 - São Paulo/SP - Banco de Sangue - próximo Metrô Vergueiro (estacionamento gratuito - Center Park) ==> rua Maestro Cardim, 560 ou rua Treze de Maio, 1854)

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 14/12/2006
Reeditado em 15/12/2006
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