(English version after the one in Portuguese)
O texto abaixo foi publicado no jornal eletrônico Resistência Democratica, a 16 de maio de 2011 - http://www.newsflip.com.br/pub/resistenciademocratica
DEÍSMO OU ATEÍSMO?
Dalva Agne Lynch
Estive lendo a trilogia His Dark Materials, de Philip Pullman, considerada pela crítica como sendo um ataque às religiões deístas. Pullman foi taxado de ateísta, a versão cinematográfica não passou do primeiro volume para não ofender as diversas religiões, e tudo ficou por isto mesmo.
O que levou Pullman a ser considerado ateu foi o fato de que seus personagens planejam matar o Ancião dos Dias, chamado Deus, a fim de que homens e anjos pudessem se apoderar de seu direito à própria essência, chamada, na história, de Dust. Uma obra atéia, portanto. Será?
Todo o problema começa quando examinamos a péssima tradução do Pentateuco para o latim. Segundo o Pentateuco, Gênesis 1, verso 1, diz: “E no princípio Deus criou os céus e a terra.” Na verdade, o hebraico, bem como o inglês, tem um gênero neutro – e ele foi totalmente ignorado pelos veneráveis tradutores.
O verso em hebraico diz: “E no princípio, ELE-ELA (gênero neutro, quer dizer, nem feminino, nem masculino) criou D´us, os céus e a terra. Pronto. E segurem as pedras aí, porque não terminei.
Para entender o que o verso quer dizer, é preciso estudar a fundo o que está por detrás das Escrituras judaico-cristãs, o que nos leva ao entendimento de que a primeira coisa criada, antes dos céus e da terra, foi o CONCEITO “D´US”. Quer dizer, a PALAVRA. E por que seria isto?
Isto aconteceu para que os seres pudessem captar a própria essência de si mesmos, e a essência do Infinito. Para que eles pudessem captar o Eterno, no hebraico chamado Yod-Heh-Vav-Heh: EU SOU. A essência do Eterno é a mesma essência de todos os seres do Universo – o Eterno É o Universo. EU SOU. Eternamente presente, sem sinônimos ou declinações.
Não me interessa a mínima o que dizem por aí. O Eterno NÃO É uma pessoa, NÃO É um ser de amor sentimental, NÃO É um pai bondoso, e NÃO É masculino. Isto tudo são qualidades que o homem considera como divinas, e, portanto, busca uma divindade que se revista delas. E é por isto, e somente por isto, que se pode dizer que o homem cria o deus que quer. Na verdade, ele, o homem, é a imagem e semelhança da essência do Infinito, que é eterna e se multiplica. O homem é o único ser deste nosso planeta capaz de CRIAR. “Vós sois deuses”, dizem as Escrituras hebraico-cristãs, com eco em cada uma das demais crenças.
Na verdade, a essência divina não pode ser nomeada, não pode ser percebida, não pode ser categorizada. Olhe a seu redor: você está vendo a essência divina, a essência criadora de todas as coisas. Olhe no espelho: você está vendo a essência divina em seu grau mais elevado – você está vendo um ser capaz de criar e destruir segundo a própria escolha.
Continuando: conheço gente que jura de pés juntos que sua religião é a única verdadeira, pela simples razão de que funciona. Se o deus responde, ora, ele é o D´us verdadeiro, não é mesmo?
Pois eu lhes proponho que qualquer promessa feita com toda a fé, se realmente foi feita assim, quer dizer, feita com toda e absoluta fé, recebe uma resposta. Não importa se ela foi feita para a Virgem Maria, para Santo Antônio, para Jesus Cristo, para Jeová, para Alá, para Ogun, para Osíris, para Zeus, para Durga, para Buda, para a Grande Mãe, e por aí vai.
Tenho certeza de que todos vocês conhecem alguém que já lhes contou de milagres incríveis feitos pela Virgem, por Jesus, por Ogun, e, se você for pesquisar, verá que o conto é real. E como pode ser isto?
Isto é real porque a essência da divindade está dentro de cada ser, e, se ela for acessada sem sombras de dúvidas, quer dizer, com toda a fé, ela realmente move a proverbial montanha.
Veja bem: as Escrituras judaico-muçulmano-cristãs colocam o Eterno como sendo o VERBO DIVINO – em bom português, A PALAVRA DIVINA. Isto está presente, por sinal, em todas as religiões, deístas ou não. E essa Palavra, esse Verbo, seria o (a) Salvador(a).
E na verdade é. O que se ignora, contudo, é que essa salvação não vem de algum lugar “lá fora”, mas sim da essência que permeia todas as coisas, e que Philip Pullman colocou tão bem em seu livro como sendo as partículas chamadas Dust. Não um ser, não uma criatura, mas algo pré-existente e a tudo-envolvente: aquele (a) que já era quando a própria palavra foi enunciada para que pudéssemos captá-lo (a).
E não me digam que tudo é por acaso que vou dar risada. Sim, há acaso. Mas sim, há um design (que não tem nada a ver com desígnio ou destino, mas sim com DESENHO, CRIAÇÃO), nessa loucura toda, e é preciso ser terrivelmente cego para não perceber os tênues fios, ou partículas, ou o que quer que seja que queiram chamar, que nos conectam uns aos outros, que nos conectam com o resto da natureza e com o resto do Universo.
Podem chamar essa teia de evolução, se quiserem – mas ninguém pode negar que tudo, absolutamente tudo, tem um princípio, e cresce ou decresce a partir daí.
Nós e o Universo não somos um caos mal acabado. Somos uma obra de arte em processo de formatação. Agora pare de ler, levante-se de sua cadeira, e comece a fazer a parte que lhe cabe do todo. Afinal, não há técnicos especialistas para formatar sua vida por você. É cada homem e mulher por si, e a Essência de tudo por todos.
Fig: Northern Lights
ENGLISH VERSION
The text that follows was published in the electronic paper Resistência Democratica on May 16, 2011 - http://www.newsflip.com.br/pub/resistenciademocratica
DEISM OR ATHEISM?
DEÍSMO OU ATEÍSMO?
Dalva Agne Lynch
Estive lendo a trilogia His Dark Materials, de Philip Pullman, considerada pela crítica como sendo um ataque às religiões deístas. Pullman foi taxado de ateísta, a versão cinematográfica não passou do primeiro volume para não ofender as diversas religiões, e tudo ficou por isto mesmo.
O que levou Pullman a ser considerado ateu foi o fato de que seus personagens planejam matar o Ancião dos Dias, chamado Deus, a fim de que homens e anjos pudessem se apoderar de seu direito à própria essência, chamada, na história, de Dust. Uma obra atéia, portanto. Será?
Todo o problema começa quando examinamos a péssima tradução do Pentateuco para o latim. Segundo o Pentateuco, Gênesis 1, verso 1, diz: “E no princípio Deus criou os céus e a terra.” Na verdade, o hebraico, bem como o inglês, tem um gênero neutro – e ele foi totalmente ignorado pelos veneráveis tradutores.
O verso em hebraico diz: “E no princípio, ELE-ELA (gênero neutro, quer dizer, nem feminino, nem masculino) criou D´us, os céus e a terra. Pronto. E segurem as pedras aí, porque não terminei.
Para entender o que o verso quer dizer, é preciso estudar a fundo o que está por detrás das Escrituras judaico-cristãs, o que nos leva ao entendimento de que a primeira coisa criada, antes dos céus e da terra, foi o CONCEITO “D´US”. Quer dizer, a PALAVRA. E por que seria isto?
Isto aconteceu para que os seres pudessem captar a própria essência de si mesmos, e a essência do Infinito. Para que eles pudessem captar o Eterno, no hebraico chamado Yod-Heh-Vav-Heh: EU SOU. A essência do Eterno é a mesma essência de todos os seres do Universo – o Eterno É o Universo. EU SOU. Eternamente presente, sem sinônimos ou declinações.
Não me interessa a mínima o que dizem por aí. O Eterno NÃO É uma pessoa, NÃO É um ser de amor sentimental, NÃO É um pai bondoso, e NÃO É masculino. Isto tudo são qualidades que o homem considera como divinas, e, portanto, busca uma divindade que se revista delas. E é por isto, e somente por isto, que se pode dizer que o homem cria o deus que quer. Na verdade, ele, o homem, é a imagem e semelhança da essência do Infinito, que é eterna e se multiplica. O homem é o único ser deste nosso planeta capaz de CRIAR. “Vós sois deuses”, dizem as Escrituras hebraico-cristãs, com eco em cada uma das demais crenças.
Na verdade, a essência divina não pode ser nomeada, não pode ser percebida, não pode ser categorizada. Olhe a seu redor: você está vendo a essência divina, a essência criadora de todas as coisas. Olhe no espelho: você está vendo a essência divina em seu grau mais elevado – você está vendo um ser capaz de criar e destruir segundo a própria escolha.
Continuando: conheço gente que jura de pés juntos que sua religião é a única verdadeira, pela simples razão de que funciona. Se o deus responde, ora, ele é o D´us verdadeiro, não é mesmo?
Pois eu lhes proponho que qualquer promessa feita com toda a fé, se realmente foi feita assim, quer dizer, feita com toda e absoluta fé, recebe uma resposta. Não importa se ela foi feita para a Virgem Maria, para Santo Antônio, para Jesus Cristo, para Jeová, para Alá, para Ogun, para Osíris, para Zeus, para Durga, para Buda, para a Grande Mãe, e por aí vai.
Tenho certeza de que todos vocês conhecem alguém que já lhes contou de milagres incríveis feitos pela Virgem, por Jesus, por Ogun, e, se você for pesquisar, verá que o conto é real. E como pode ser isto?
Isto é real porque a essência da divindade está dentro de cada ser, e, se ela for acessada sem sombras de dúvidas, quer dizer, com toda a fé, ela realmente move a proverbial montanha.
Veja bem: as Escrituras judaico-muçulmano-cristãs colocam o Eterno como sendo o VERBO DIVINO – em bom português, A PALAVRA DIVINA. Isto está presente, por sinal, em todas as religiões, deístas ou não. E essa Palavra, esse Verbo, seria o (a) Salvador(a).
E na verdade é. O que se ignora, contudo, é que essa salvação não vem de algum lugar “lá fora”, mas sim da essência que permeia todas as coisas, e que Philip Pullman colocou tão bem em seu livro como sendo as partículas chamadas Dust. Não um ser, não uma criatura, mas algo pré-existente e a tudo-envolvente: aquele (a) que já era quando a própria palavra foi enunciada para que pudéssemos captá-lo (a).
E não me digam que tudo é por acaso que vou dar risada. Sim, há acaso. Mas sim, há um design (que não tem nada a ver com desígnio ou destino, mas sim com DESENHO, CRIAÇÃO), nessa loucura toda, e é preciso ser terrivelmente cego para não perceber os tênues fios, ou partículas, ou o que quer que seja que queiram chamar, que nos conectam uns aos outros, que nos conectam com o resto da natureza e com o resto do Universo.
Podem chamar essa teia de evolução, se quiserem – mas ninguém pode negar que tudo, absolutamente tudo, tem um princípio, e cresce ou decresce a partir daí.
Nós e o Universo não somos um caos mal acabado. Somos uma obra de arte em processo de formatação. Agora pare de ler, levante-se de sua cadeira, e comece a fazer a parte que lhe cabe do todo. Afinal, não há técnicos especialistas para formatar sua vida por você. É cada homem e mulher por si, e a Essência de tudo por todos.
Fig: Northern Lights
ENGLISH VERSION
The text that follows was published in the electronic paper Resistência Democratica on May 16, 2011 - http://www.newsflip.com.br/pub/resistenciademocratica
DEISM OR ATHEISM?
Dalva Agne Lynch
I've been reading Phillip Pullman´s trilogy His Dark Materials, considered by the critics as an attack on the deistic religions. Pullman was labeled an atheist, the film version did not go beyond the first volume so as not to offend various religions, and that was that.
What made Pullman to be considered an atheist was the fact that his characters plan to kill the Ancient of Days, called God, so that men and angels could get hold of their right to their own essence, in the history called Dust. Therefore, an atheist work, right? But... is it?
The whole problem starts when we examine the terrible Pentateuch´s translation into Latin. According to the Pentateuch, Genesis 1, verse 1, says: "In the beginning God created the heavens and the earth." But the thing is that Hebrew and English languages actually have a neutral gender, which was totally ignored by the venerable translators.
In fact the Hebrew verse says: "And in the beginning, IT (neutral gender, neither feminine nor masculine) created God, the heavens and the earth. That´s it, and hold the stones there, because I´m not finished.
To understand what the verse means, you need to study in depth what is behind the Jewish-Muslim-Christian Scriptures, which lead us to the understanding that the first thing created, before the heavens and the earth, was the CONCEPT "GOD". That means, the WORD. And why would that be?
That happened so that every living being could capture the very essence of themselves, as well as the essence of the Infinite. So that they could capture the Eternal, in Hebrew called by the letters Yud-Heh-Vav-Heh, which means I AM. The essence of the Eternal is the very essence of all beings in the entire Universe - the Eternal IS the Universe. I AM. Eternally present, with no synonyms nor declinations.
I don´t give a damn what people say. The Eternal is NOT a person, he is NOT a being of sentimental love, he is NOT a kind father, and he is NOT male. All of these are qualities regarded by men as being divine, therefore they seek a deity who embody them. And that's the reason, and the only reason, why we can say that man creates the god he wants. In fact, the human creature is the image and likeness of the Infinite´s essence, which is eternal and multiplies. The human creature is the only being in this our Planet capable of CREATING. "Ye are gods," say the Hebrew-Christian-Muslim Scriptures, echoed by all the others beliefs.
The truth is that the divine essence can´t be named, can´t be perceived, can´t be categorized. Look around you: you're seeing the divine essence, the essence which created all things. Look in the mirror: you're seeing the divine essence in its highest degree - you're seeing a being able to create and destroy according to his or her own choice.
Continuing: I know people who swear up and down that their religion is the only true one for the simple reason that it works. If God responds, well, he is the true God, isn´t it?
But I assert that any promise made in complete faith, if it was really made with complete and absolute faith, it receives a response. It doesn´t matter if it was made to the Virgin Mary, to St. Anthony, to Jesus Christ, to Jehovah, to Allah, to Ogun, to Osiris, Zeus, to Durga, to Buddha, to the Great Mother, and so on.
I'm sure you all know about someone who´s told you about incredible miracles performed by the Virgin, by Jesus, by Ogun, and if you research into it you will see that the story is real. How can this be?
This is because the real essence of divinity is within each being, and if it is accessed without a shadow of a doubt, that means with all faith, it really moves the proverbial mountain.
You see, the Jewish-Muslim-Christian Scriptures call the Eternal the DIVINE WORD. You can find this concept in every single religion, be they theistic or not. And that Word is considered the Savior.
And indeed it is. What seems to be ignored though is that this salvation doesn´t come from somewhere "out there", but from the essence which permeates all things, and which Philip Pullman puts so well in his book as being the particles called Dust. Not a being, not a creature, but something pre-existing and all-encompassing: that which already was when the very word was enunciated so that we could perceive it.
And don´t tell me that everything exists by mere chance because I´ll just laugh. Yes, there´s chance. But yes, there is a design (which has nothing to do with design-fate, but with DESIGN-CREATION) in all this madness, and someone has to be terribly blind not to perceive the tenuous strands, or particles, or whatever you want to call it, that connect us to each other, that connect us with the rest of nature and with the rest of the Universe.
And don´t tell me that everything exists by mere chance because I´ll just laugh. Yes, there´s chance. But yes, there is a design (which has nothing to do with design-fate, but with DESIGN-CREATION) in all this madness, and someone has to be terribly blind not to perceive the tenuous strands, or particles, or whatever you want to call it, that connect us to each other, that connect us with the rest of nature and with the rest of the Universe.
You can name this web as evolution, if you want to - but no one can deny that everything, absolutely everything has a beginning, and increases or decreases thereafter.
The Universe and we are not just a half-baked chaos. We are a work of art in the process of being formatted. Now stop reading this, get up from your chair and start doing your part in the whole. After all, there is no technical experts to format your life. It's every man and woman for themselves, and the Essence of everything for all.
Fig: Northern Lights