JEQUITIBÁ
Fátima Irene Pinto
Vosmecê escreveu tão bonito do carvaio
Que me deu vontade arremedá
Pensei até nas gotinhas de orvaio
Brilhando nas foia verdinha
Quando o sor começa a se alevantá.
Dispois também lembrei dotra árvore
A que chamam de Jequitibá
Esse nome bunito quem lhe deu
Foram os índio tupi-quarani
Mode que pudesse significá
Das florestas, o rei, o gigante
Igual em tamanho e idade não há.
Tem um aqui bem pertinho
Qui é uma relíquia nacioná
E vosmecê tem que me acreditá
Ele só não foi tombado
Mode que nem as máquina dos homi
Deram conta de lhe aderrubá.
Intão deixaram ele sozinho
Em meio ao canaviá.
Tem tres mir ano o danado
E um tronco tão grande, tão grande
Qui percisa de dez pessoa de braço istendido
Pra pode lhe abraçá.
Pois este Jequitibá, meu Sinhô,
Tem muita história pra contá
Ele já tava lá criado e frondoso
Nos tempo do Rei Davi
Nos tempo do Rei Salomão
Viu guerras e pregação
Soube por antecipação
Que neste mundo ía nascê
Um outro Rei, como não teve iguá.
Mode que, meu sinhozinho,
Quano um tempinho lhe asobrá
Vai visitar este gigante
Esta formosura de Jequitibá
Vê si pega uma lasquinha
Daquele tronco descomuná
Óia pra lasca com carinho
Faz inté uma oração
E guarda então a lasquinha
Bem perto do coração.
Porque nas lasca desse Jequitibá
Vosmecê vai observá
Tá o sangue sagrado do Cristo
Que veio pra nos sarvá
Na lasca tá a sua paixão
Seu sofrimento sem iguá
E inté sua ressurreição
A lasquinha vai lhe falá
De um tempo de sarvação
Que logo logo há de chegá.
E o mais bunito di tudo, Sinhô
É qui até isto, tudinhoooooo
Aquele jequitibá danadinho
Nas suas foia milená
No seu tronco descomuná
Vai oficiá o registro
Mió que quarqué tabelião
E nas sua raíz tão profunda
Pra sempre ele vai guardá!
Descalvado-SP - Brasil
02.04.2011
Fotos do Jequitibá-Rosa no Parque Vassununga -
Município de Santa Rita do Passa Quatro - SP