English version after the one in Portuguese

UMA MÃO ESTENDIDA
 
(para minha filha Suzi)


Dalva Agne Lynch
 
 
 
Hoje pela manhã, ao abrir meu correio, deparei-me com uma piada que terminava dizendo: "Ninguém ajuda você depois que você caiu na pior". Claro que a piada usou palavras mais fortes, mas o sentido é este.
 
Não concordo. Posso ter perdido a fé em muita coisa - em Papai Noel, no Coelhinho da Páscoa, nas religiões humanas. Contudo, nunca perdi a fé no ser humano e sua maravilhosa capacidade de misericórdia.
 
Cada vez em que estive no buraco, fosse ele emocional, financeiro ou psicológico, sempre houve quem me estendesse a mão, quem me encorajasse, e, sim: quem me apoiasse até que pudesse me firmar em meus dois pés.
 
Quando minha família me falhou, amigos estavam por perto; quando nem amigos estavam por perto, estranhos me deram apoio. Nem que fosse uma só pessoa, sempre houve alguém com cara de anjo e coração de ouro, e minha fé no ser humano até hoje continua intacta. Ainda há bondade entre nós. Ainda há longanimidade, esta enorme palavra que significa sair de si mesmo e estender a mão gratuitamente a outrem.
 
Ouvimos falar de guerras, revoluções, assassínios e roubos, e pensamos: "O que está acontecendo com a humanidade?"
 
A coisa é que nada está acontecendo de novo. Tudo já aconteceu no passado. Ao contrário daqueles que gritam nas esquinas e nos púlpitos que o fim está próximo, o que a realidade nos mostra é que tudo isto que vivemos já aconteceu vez após vez no passar dos séculos, e também lá houve quem gritasse "o fim está próximo". Contudo, ainda estamos aqui.
 
Na verdade, a existência, a vida, o tempo, é uma espiral e não uma linha reta, e retorna aos mesmos pontos a cada volta. Isto quer dizer que circunstâncias e condições se repetem a cada época do mundo, a cada geração.
 
E é nessas horas de tragédia ou opulência que o homem, seja ele quem for - opressor ou oprimido, agressor ou vítima - declara ao Universo que força move sua mão, e decide, ele mesmo, se será contado entre os bons ou os maus.
 
Talvez você pense que sou simplória, ou ingênua, ou simplesmente não esteja ao par de sua verdade particular, sua crença, sua vivência. Talvez. Mas estudei religiões e mitos, história, geografia política e psicologia por toda minha vida adulta, e as conclusões que tirei de tudo se resumem em uma coisa só:
 
A Verdade, assim, com letra maiúscula porque significa a Verdade Universal, existe e cobre a tudo e a todos. Ela não se limita a nenhuma fé ou crença humana em particular, a nenhum mistério oculto revelado a uma minoria de entendidos. E ela é simples e acessível.
 
O único requisito para isto é INOCÊNCIA. Outra vez, não a inocência de não saber, de não ter vivido, mas sim a inocência de não ser culpado. Por ação ou omissão. É fácil assim. Ou, melhor dizendo, difícil assim.
 
Todos nós somos culpados de alguma coisa. Então, o que fazer?
 
Veja seu coração: se você se sente culpado de alguma coisa, e quer pedir perdão de alguma maneira, então você já atingiu essa inocência. Agora é só colocá-la em ação.
 
Contudo, se você levanta o rosto e afirma, com toda segurança: "eu sou inocente", então essa inocência está tão longe de você quanto o arco-íris.
 
E talvez, se você sente que não há uma única criatura que lhe estenda a mão em sua hora mais escura, pode ser que seja porque você se esqueceu de como estender a sua. Por mais fundo que estejamos, sempre há quem esteja ainda mais fundo. Estenda a mão, e verá que esse gesto de levantar alguém fará com que você mesmo se levante.
 
E se uma grande multidão estende a mão e levanta seus semelhantes, temos o fim de um Holocausto, o fim de uma Hiroshima, o fim de uma fome, o fim de uma miséria humana.
 
Tudo começa apenas com uma única mão estendida: a sua. É simples assim.
 
 
A STRETCHED HAND
 
(to my daughter Suzi)
 
Dalva Agne Lynch
 
 
 
As I opened my mail this morning I read a joke that finished something like this: "Nobody helps you after you are in deep dung." Of course the words were stronger, but that was the meaning.
 
Well, I don´t agree. I may have lost my faith in many thing - in Santa Claus, in the Easter Bunny, in all human religions. But I never lost my faith in humankind and its amazing ability to be merciful.
 
Everytime I´ve fallen into a hole - be it emotional, finantial or psychologic - there was always someone who stretched me out his or her hand and encouraged me, and yes! - someone who gave me support until I could stand on my own two feet again.
 
When my family failed me my friends were around; when not even friends were around complete strangers gave me support. Even if there was only one person with the face of an angel and a heart of gold, there was always someone, and my faith in humankind is still alive. There´s still goodness among us. There´s still longanimity, this big word that means getting out of oneself to freely stretch out a hand to someone.
 
We hear about wars and revolutions and murder and theft and we think, "What´s happening to humankind?"
 
The thing is that nothing new is happening. Everything that´s happening has already happened in the past. Contrary to those who shout on the street corners and on the pulpits that the end is near, what reality shows us is that everything we are going through has already happened time and again througout the centuries, and even then there was those who shouted "the end is near". And we´re still here nevertheless.
 
What happens is that existence - life - time - is a spiral and not a straight line, and it comes back to the same spots at every turn. What this means is that circunstances and conditions repeat themselves at every lifetime, at every generation.
 
And it´s at those times of tragedy or opulence that man, whoever he or she is - oppressor or oppressed, agressor or victim - declares to the whole Universe what kind of force moves his or her hand, and decides if he or she´ll be counted among the good or the evil.
 
You may think I´m naîve or simplistic, or that I´m just not informed about your particular kind of truth or belief or your way of life. Well, maybe. But I´ve studied Religions and Miths, History, Political Geography and Psychology my entire adult life and the conclusion I´ve got from it all is just this:
 
Truth with a capital letter - because it means Universal Truth - is real and covers everything and everybody. It´s not limited to a certain faith, a certain belief, and certainly not at any kind of occultic mystery revealed only to a few.
 
The only condition it requires is INNOCENCE. And again I repeat, this is not the innocence of not knowing, not experiencing, but the innocence of being guiltless - of action or omission. It´s that easy - or that difficult.
 
Everyone of us is guilty of something, so what should we do? 
 
Look inside your heart: if you feel guilty of anything, whatever it is, and wish somehow to ask forgiveness, then you have already attained that innocence. Now you just have to put it into action.
 
On the other hand, if you lift your face up and state with assurance, "I am innocent", then innocence is as far from you as the rainbow.
 
And if you feel there isn´t a single person who´d stretch you his or her hand out in your darkest hour, it could be that this is happening because you forgot how to stretch out your own hand, because even in our deepest pit there´s always someone deeper than us in it. Stretch out your hand and you´ll realize that when you raise someone you will also raise yourself.
 
And if a whole multitude of people would stretch out their hands to raise their fellow human beings we´d put an end to a Holocaust, to a Hiroshima, to hunger, to human misery.
 
Because everything begins with only one stretched hand: YOURS. It´s that simple.
 
 
 
 
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 10/03/2011
Reeditado em 20/12/2014
Código do texto: T2840026
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.