Espelho da Vida


Tantas vezes nos olhamos no espelho e de repente não nos conhecemos.
Tantas vezes nos flagramos sem saber o que fazer diante de certos conflitos. Sem saber que atitude tomar, que caminho seguir, qual o melhor gesto ou palavra. Qual à hora exata de se fazer alguma coisa, por si mesmo e pelo outro.
Quando decididamente tentamos mudar, mergulhamos em nossa vida íntima e ai descobrimos que a maioria dos conflitos que nos tortura é por causa de uma ferida, seja ela pequena ou grande, surgida há muito tempo ou recentemente. Pois todo efeito gera uma causa, e às vezes, tentamos esconder de nós mesmos, tamanha insatisfação.
Geralmente nos momentos mais profundos de nossa alma, tomamos nossas decisões primeiramente dentro de nosso coração, mesmo que forçadamente.
É neste momento que o tribunal de conseqüências acontece em nossos pensamentos, no qual somos os juízes de nossos atos e, ao mesmo tempo, o réu, o júri, o advogado de defesa e de acusação. Nesse tribunal levantamos provas a favor e contra a nós mesmos, nos julgamos inocentes e culpados e nos enxergamos pelas lentes de nossa auto-imagem.
Exatamente quando nos aquietamos é que o tribunal começa a batucar nossos pensamentos. Pensamos, repensamos, nos avaliamos, planejamos o que vamos fazer e falar, mas...
Daí se decide nivelar a vida, nivelar os passos nas calçadas, onde encontramos desvios, buracos, sobressaltos e orifícios.
Em determinados instantes se chega à conclusão que é necessário alinhar e alcançar o porto seguro, que tanto precisamos. Estando sempre numa posição tal que se possa ver em todas as luzes enfileiradas, apenas e unicamente, um só ponto de luz. Pois é assim que o timoneiro age, convicto que o navio está percorrendo a trajetória certa.
Quantas vezes em nossa vida olhamos para inúmeras luzes enfileiradas, porém as enxergamos totalmente desordenadas.
Como seria bom se fôssemos este piloto no timão, certo de sua partida e chegada.
Na vida, mesmo quando não desejamos mais errar, quando procuramos acertar o que foi feito de errado; em certos casos, parece que a colagem, o remendo, o pedaço não cabe no lugar certo, não se encaixa. E observamos que tudo passa tão rápido que imaginamos não haver mais tempo. Achamos, inclusive, que é melhor deixar pra lá e seguir procurando novas tentativas.
Mas de quando em vez somos surpreendidos pela mágica que é a vida. Quando passamos por algum lugar, quando ouvimos uma música, quando um rosto nos lembra outro rosto, quando alguma coisa nos desperta aquela “ferida”, e ai?
Em algum momento especial, plantamos árvore de sentimentos em nosso coração de forma tão profunda que quando resolvemos arrancar pelo menos um galho, dói demais. Porque foi plantada de maneira tão verdadeira que as raízes se aprofundaram com o adubo, no solo fértil do coração.
Hoje, mesmo querendo, e sabendo ser necessário nivelar as calçadas por onde caminhamos, como ainda, enfileirar as luzes e arrancar está árvore enraizada. Apesar de parece não ser impossível, mas se torna bastante complicado.
Quantas vezes tentamos deixar de lado e não dar a devida importância. Porém, naqueles momentos íntimos, você cara a cara com você mesmo, é que o tribunal se levanta.
Creio que isso não ocorre somente comigo, mas com você e com outras pessoas. Talvez não seja com a mesma exatidão e intensidade, porém, cada um de nós passa por este tipo de processo na vida.
Se você vive neste núcleo, procure antes de olhar-se no espelho, olhar realmente pra dentro de si, e, imediatamente, encontrará as respostas de suas feridas que geram tantos conflitos. Porque nós somos autores de nossa própria história. E sua vida, somente você pode viver. Seus sonhos, somente você pode sonhar. Seus ideais, somente você pode buscar. Outras pessoas não poderão fazer isto em seu lugar.