Escolhendo o Lápis, o Pincel e a Cor
A história de todo ser humano, é construída por cada um de nós. Somos nós que damos formas e existência a esta verdade. Com nossas: aptidões, escolhas, ritos, anseios; até mesmo, por nossas perseveranças.
Se não bastassem, acrescentamos nossos orgulhos, medos, inseguranças, covardias, desequilíbrios, incertezas, e tantas outras coisas, que cada um de nós permite que faça parte do nosso mundo.
A verdade, é que mesmo quando a vida nos permite o livre arbítrio de escolher a melhor forma de viver, nunca fazemos exatamente o que desejamos. Ou seja, nunca estamos satisfeitos totalmente. Esquecemos nitidamente, que nas escolhas que fazemos, geralmente precisamos nos desapropriar de outras. E nem sempre se fica com a melhor parte. Tem que haver fôlegos para os sacrifícios...
Escolhemos o lápis, o pincel e a cor que aspiramos decorar as paredes de nosso cômodo principal.
Em certas situações, projetamos com cautela, mas, sem perceber colocamos cor demais, ou melhor, colorimos de tons mais fortes as paredes que deveriam ser mais suaves, mais claras ou até mesmo, transparentes.
Depois, observamos que os contrastes não resultaram no melhor. Chegamos à conclusão que todo desempenho, que todo dom artístico que possuímos se colidiu com a falta de modéstia. Porque, na maioria das vezes, quando somos livres para decidirmos ou optarmos por algo, nos tornamos absolutos e orgulhosos em achar que sabemos tudo e somos autossuficientes para pintar ou escrever o livro de nossa história, bem como, as paredes que vão nos proteger dos intervalos do dia a dia. Um tanto filosófico quem sabe, porém, de profunda verdade.
Sentei-me aqui diante do computador e fui soltando o que talvez nunca admitisse. O que nunca parei pra pensar...
Olho com calma o meu cômodo principal e vejo que escolhi muitas cores erradas, que persisti, desenhando a mesma nuvem em locais onde deveria ter pintado um lindo sol.
A minha vida inteira, digo inteira, porque sei que já vivi mais que a metade dela (sou grata a Deus por isso). Porém, nunca pensei que as nuvens que arquitetei que desenhei no meu próprio teto, poderiam um dia se transformas numa tempestade.
Creio que, em algum momento, entendesse necessária a chuva, pois quando o solo tivesse árido demais, ela viesse suavizar o calor e a poeira. Mas, por outro lado, se eu tivesse apenas decorado tudo isso com o sol, poderia ter me defrontado com um calor insuportável. Contraditório, mas somos assim mesmo!!!
Vimos com isso, que mesmo diante das paisagens que enriquecem nossos olhos, escolhidas por nós mesmos, vão existir sempre momentos em que as lágrimas farão parte como adereços, sobre nossos rostos. Porém, não sabemos por quais motivos levar-nos-ão a sentir saudades, mágoas, arrependimentos, alegrias e tristezas... Este é um quadro que não podemos fazer escolhas da cor, pois por mais que tentemos pintar de cores cintilantes, elas jamais deixarão ser vistas.
São diante de todas as cores, de todos os desenhos concretos ou abstratos que criamos em nossa vida, por inúmeras razões, que hoje muitos de nós choramos, porém, ainda não desistimos de viver e continuamos a pincelar o caminho por onde ainda vamos caminhar.
Quanto à cor, cabe a cada um de nós, escolher a mais adequada.