HARMONIA - A ESPIRAL DO UNIVERSO


Recebi um comentário sobre meu texto "Considerações Históricas Sobre o Natal" (www.dalvalynch.net/visualizar.php?idt=1345232), em que a pessoa alegava que eu havia retirado as palavras de Jesus, em Mateus 10, versos de 34 a 38, fora de contexto:
 
"Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim."
 
E a pessoa disse: "Não é de guerra entre nações que ele está falando, mas de dissensões no seio da família instituída naquele contexto histórico."
 
Este é um assunto altamente complexo, mas vou tentar explicar de maneira bem simples. Afinal, o autor das palavras também tentou transformar este assunto complicado em algo simples, mas, como se pode ver pelo comentário que recebi, ele também não foi compreendido.
 
Então, vamos lá:
 
A realidade não é composta de partes individuais e independentes. Tudo o que existe, seja no Universo, seja no ser humano, está intrinsecamente concatenado - quer dizer, intimamente ligado - com todo o resto. Quando Hemingway disse que nenhum homem é uma ilha, ele tinha toda razão. Mas tampouco nenhuma família é uma ilha, nenhum povo é uma ilha, e nenhum astro do Universo é solitário, por mais distante que esteja dos demais.
 
Tudo o que ocorre na nossa sociedade, ocorre primeiro no seio da família. A desintegração não acontece de fora para dentro, mas desde o núcleo social mais íntimo, espalhando-se daí para o todo. E o mesmo ocorre com sistemas solares e constelações. Tudo, amigo ou amiga, começa pequeno, e se espalha para o resto.
 
Veja as células do corpo: a célula que compõe o sangue não é igual à célula que compõe a pele. A que compõe o fígado não é igual à que compõe os rins. No entanto, todas elas são parte do mesmo organismo, e se uma só célula falha no corpo humano, todo o corpo sofre.
 
Da mesma maneira, o nosso Sol não é igual à Terra, nem a Terra é igual a Vênus. Contudo, todos eles fazem parte do mesmo Sistema Solar, e quaisquer mudanças em um deles afetará todos os demais. E nosso Sistema Solar é bem diferente do Sistema Solar de Aldebaran, por exemplo, mas ambos fazem parte do mesmo Universo, e se há qualquer distúrbio em um só planeta de nosso Sistema, todo o Universo será abalado. 
 
Amigo ou amiga, as mesmas leis que regem as células do corpo humano regem os astros do espaço. Como é acima, assim também é abaixo. Tudo está interligado a tudo o mais, em uma espiral infinita que podemos ver claramente no DNA humano e no DNA das estrelas. 
 
E da mesma maneira, amigo ou amiga, as mesmas leis que regem a célula familiar regem também as nações. A sociedade é um organismo vivo, como o corpo humano e como as constelações celestes.
 
Portanto, as palavras do livro de Mateus, que tão bem se aplicam à família, como apontou a pessoa que comentou meu texto, aplicam-se também a nações e a povos. A família nada mais é do que uma célula do organismo social humano, e o que afeta uma só célula familiar afetará todo o organismo social.
 
Por sinal, diz a Bíblia cristã que Jesus também falou sobre isto, quer dizer, sobre a importância das pequenas coisas, quando disse que nem uma ave cai do céu sem que o Eterno o saiba. Afinal, a mera queda de uma ave afeta a constituição do cosmos, e nem uma palavra que se diz ao acaso sai de nossa boca em vão. Tudo produz um resultado, seja para a construção, seja para a destruição.
 
Que seus atos e suas palavras sejam, portanto, em concordância com as leis da harmonia e da beleza, mesmo que você não veja resultado algum. Você também não vê o sangue correndo em suas veias, ou as estrelas correndo no seu curso pelo cosmos. Mas se uma só célula, um só astro, sair de seu curso harmônico e entrar em colisão com os demais, o resultado pode ser a destruição do todo.
 
Pense nisto, amiga ou amigo, da próxima vez que pensar em derrubar uma árvore ou um outro ser humano. Nada, absolutamente nada, cai ao solo em vão, e sua queda se refletirá, como as ondas concêntricas de um lago, na sociedade como um todo, e na realidade total do Universo. E essas ondas retornarão a você, acrescentadas setenta vezes sete, como um tsunami destruidor.
 
Ainda que você não perceba com seus sentidos, vale a pena viver em harmonia com outros, com a natureza e - o mais importante de tudo - consigo mesmo(a). Afinal, esta é a verdadeira definição de amor.
 
 
 
 fig: o surrealismo de Samy Chamine 
 
 
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 30/12/2009
Reeditado em 30/12/2009
Código do texto: T2003066
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