Momento de decisão
Provavelmente o que as pessoas buscam com maior ansiedade é a felicidade. Iludem-se com a possibilidade de obtê-la, de retê-la. O máximo que conseguem são momentos. Talvez não raros, mas passageiros. Ninguém os retém por muito tempo.
Todos buscamos o prazer. É ele que nos mantém, instintivamente, vivos. Quando sugamos o seio da mãe, sentimos o prazer de estarmos nos alimentando. É a busca simples da sobrevivência que não distingue homem ou mulher.
Todos lutam, desesperadamente, pela sobrevivência. Todos fogem da dor, mas é ela que nos alerta sobre os perigos, internos ou externos, física ou emocional.
Estamos todos acorrentados intelectualmente, de uma forma ou de outra. Pelo que sabemos e pelo que ignoramos. Pelo que aprendemos e pelo que não conseguimos assimilar. Pelo que somos e pelo que gostaríamos de ser. Somos, individualmente, produtos e agentes transformadores de uma cultura. E a cultura coletiva, por sua vez, produto das experiências e iniciativas individuais.
Satisfação não é algo que se obtenha facilmente. Somos todos muito exigentes, por um motivo ou por outro. Os níveis variam, as formas também, mas o resultado final nivela tudo. Percebemos então, finalmente, que andamos em círculo e com um único objetivo: o aprendizado. Aprendizado de algo que nem sabemos direito o que é...
Se identificarmos com clareza nosso objetivo imediato, aplainamos nosso caminho em busca de realização. Produzimos riquezas para garantir nossa soberania. Todos querem ser soberanos. Espiritual, moral, intelectual, física ou materialmente. Cada um valorizando sua opção e nem sempre compreendendo a do outro.
Quase todos se sentem, geralmente, meio perdidos. Vivem se procurando. Aos outros e a si próprio. Procuram a metade perdida que pode estar dentro de si mesmos.
Quem pode ter tudo nem sempre valoriza o que tem; os que valorizam o que conseguem, obterão muito mais... Mas é preciso administrar isso tudo com sabedoria e até ela é relativa. O segredo talvez esteja na dosagem: nem tanto ao Céu, nem tanto à Terra.
Porque, no fundo, é a ansiedade que nos consome! E nos consome pelo que gostaríamos de ser, nem sempre pelo que somos, muito menos pelo que realmente podemos ser. A vida é feita de coisas simples. Nós é que complicamos...