VÍCIOS FINDANISTAS

Fim do ano parece fim dos tempos, quando só existe a intenção festeira de ostentar um sentimento superficial. Natal é o caos, quando os sentimentos estão confusos e desesperados para competir no mercado das manifestações que nos conectam com o momento. Com a moda findanista. O corre-corre do consumo com o qual pretendemos comprar uma vaga na ventania festeira da ocasião.

Não haverá um novo tempo, de ano novo a ano novo, enquanto não existir a sinceridade que desconhece datas, porque está sempre em ação. O que deixa sempre um buraco no coração da humanidade é essa indefinição de sentimentos. São esses folguedos que declaram no grito amores de lojas, de artifícios que piscam nos pinheiros de plástico e nos tons multicoloridos de presentes comprados que tentam compensar a falta de presença dos trezentos e muitos dias decorridos.

O natal será verdadeiro quando não tiver classe social, alegrias vizinhas de tristezas, arroubos forjados, religiões em conflito e separatismo racial. Tudo será novo quando o ser humano se reformar a partir do íntimo, desprezando as convenções e a obrigação de estar alguém melhor. É hora de sermos melhores, e isso não pode apenas figurar no velho círculo feito em nosso calendário. Um círculo vicioso.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 17/11/2008
Reeditado em 17/11/2008
Código do texto: T1288456
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