A HISTÓRIA DE: PAULO SÉRGIO MAIA

A HISTÓRIA DE: PAULO SÉRGIO MAIA

Personagens:

Paulo Sérgio Maia
Frei Cornélio
Dr. Julião
Madalena
Maria do Carmo
Oscar


PARTE 1

Numa cidade tranquila e pacata, típica do interior onde os habitantes são: (calmos e recatados e também muito conservadores) as primeiras horas do dia, foram surpreendidos por uma grande chuva que durou uns quarenta minutos, foi o bastante para causar transtornos a população inclusive bloqueando os acessos à cidade, e ainda por consequência maior, deixou várias pessoas doentes, atingindo principalmente, as crianças e, idosos um deles de grande influência na política da cidade, mas as pessoas o ignoravam, pois estava sempre mal humorado e gritava muito devido as condições físicas, pois já passava dos 90 anos de idade, e, não se conformava com a velhice.

Havia um padre, chamado frei Cornélio, que não saía um estante de perto do amigo Maia, procurava dar apoio moral, psicológico e religioso: era uma missão muito difícil, quando se tratava do Sr. Maia, mesmo assim vive tentando ajudá-lo.

Frei Cornélio, enxugando a testa com paciência disse: ---- Não deve levantar-se, pois... o Dr. Julião pediu.... Que tomasse os remédios e fica-se de repouso... e ele sabe o que faz. Mas o velho Maia insistiu em contar uma história... E dizia ele:

---Nem tudo é mar de rosas frei Cornélio, vou contar tim tim, por tim tim. Tudo aconteceu há muitos anos quando eu estava com sete meses no ventre de minha mãe... e, apesar do espaço ser muito apertado, eu dividia com um irmãozinho, sentia que corria tudo bem, e que estava acompanhado de um espírito, que no futuro me traria muitas alegrias, e também muitas tristezas, mas essas escolhas teriam sido feitas por mim, e eu não me sentia arrependido pois essa é a minha história...

Enquanto isso... frei Cornélio não resistia aos cochilos... tanto que, chegava a se desdobrar (em sonhos) e visitar as grandes catedrais existentes em Roma; e quando era acordado com os puxões do Sr. Maia, que o sacodia repentinamente, o mesmo ainda estava entoando parte do ritual da igreja do tipo cantos gregorianos. Está aí o motivo de irritação do Sr. Maia que evidentemente queria atenção exclusiva para sua história de vida. Mas frei Cornélio logo se refazia do sono, e após tomar uma xicara de café continuava a ouvir o amigo.

---Bem o lugar era calmo e me trazia muita paz, enquanto que, na cidade, quase todos se conheciam, lembro-me muito bem, que havia uma prefeitura que, dividia espaço com a delegacia e uma escola, havia também uma maternidade a poucos metros da igrejinha, sim, não posso esquecer-me de relatar a padaria, o mercadinho, a barbearia, e a farmácia; o resto era matagal... o transporte da época, era precário, o lombo do cavalo e do jumento, de quando em quando tinha também o carro de boi, esse sim eu recordo com saudade.

Sim vamos continuar, pois eu, já ia me esquecendo da minha mãe, que por erros no seu passado ela não foi agraciada, com um filho homem na sua companhia. Mas a minha consciência me fazia enxergar, que aquela missão também era minha, e que aquelas tristezas da qual falei, eu poderia transformá-las em alegrias.

De repente, senti um grande empurrão, e depois outro, e outro, foi ai, que vi pela primeira vez, os olhos mais lindos do mundo, embora nossos olhos estivessem fechados, mas vi, com a minha mente, e naquele momento senti muito amor, tanto que parecia querer explodir, pois a dona daqueles olhos, era simplesmente linda, e sei que me queria muito bem, foi ai que me apaixonei, por aquele ser tão pequeno e frágil, mas grandioso como um anjo do céu, de onde eu recebia a luz e a energia capaz de transformar o ódio em amor.

Primeiro uma calmaria! Depois nos tiraram a força, porque não queríamos sair! Ela primeiro eu disse, e nós dois explodimos num grito imenso, foi aí que nos separamos.

Eu então, raquítico, branco quase transparente, com frio e faminto, e um choro abafado, quando alguém dizia: (Coitado não vive nem por um milagre)
Daí, colocaram um tubo no meu rosto, com dificuldade, pois eu era, só um pouco maior que a palma da mão, de quem me segurou, mas acharam que eu, era um caso perdido, e me deixaram sozinho, numa sala fria, então uma voz suave e cheia de ternura e amor, disse-me...

---Vem comigo meu filho. E nesse momento eu senti uma luz incandescente e de uma brancura sem igual depois me colocaram num cantinho e disse-me novamente:

---Apenas fiz o possível, de agora em diante é por tua conta, mas estarei sempre contigo.
E disse-me, mais...

---Eu te abençoo.
E eu me fortaleci, devo ter tomado um passe do próprio Jesus.
Deram-me o nome de: Paulo Sérgio Maia, e quando completei 18 anos, estava com um metro e setenta e cinco de altura e passava dos oitenta kg.
Minha mãe era Maria do Carmo e meu pai o Oscar eram uns amores de pessoas na verdade eu não podia querer vida melhor, exceto mais saúde para dona Maria do Carmo, minha mãe.

Eu sempre tive o que quis, embora morando no interior, eu viajava muito com meu pai, que fazia todos os meus gostos.
Minha melhor amiga, por quem me apaixonei chamava se Madalena ela morava há uns quinhentos metros da minha casa, mais precisamente do outro lado da praça, onde gostávamos de sentar para conversarmos sobre tudo.
Ela era maravilhosa nos entendíamos muito bem, e quando nos olhávamos, o mundo parecia que ia parar. Nossos corpos e mentes se atraiam os pássaros às borboletas e toda natureza pareciam nos contemplar com sua beleza.
Éramos tomados por sentimentos que acredito estavam muito além, das coisas deste mundo.
Eu lhe pergunto como se explica isso meu caro frei? Ou será que não há explicação?
Frei Cornélio como era conhecido, já havia escutado com muita paciência a mesma história mais de vinte vezes e cada vez com mais riqueza de detalhes era impressionante, pois cada vez que contava era a mesma história nunca distorcida.

Mas frei Cornélio na verdade já havia entendido tudo; o seu amigo Sr. Maia era apaixonado pela sua irmã gêmea Madalena os dois foram separados na hora do nascimento e viviam com famílias diferentes sem saberem que eram irmãos.
Frei Cornélio sabia que o velho Maia tinha uma memória de elefante, mas não queria lembrar-se de tomar os remédios. Mas que a pesar de seus noventa anos ele com certeza continuará a contar essa história por muitas e muitas vezes, e você gostaria de ouvi-lo?
Heronides
Enviado por Heronides em 08/11/2016
Reeditado em 21/11/2016
Código do texto: T5816654
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