Natal,Natais...
São seis e meia de uma manhã meio fria,meio nebulosa,que promete tornar-se morna daqui a pouco.
Desde as cinco,ensaio um batuque descompassado no teclado.
Se fosse naquele tempo dos meus dezoito,eu diria agora que já amassei e atirei ao cesto de lixo centenas de folhas inertes,frias e mal escritas.
O computador olha-me desconfiado:
-O que essa dona pretende,afinal?
É de versos que ela fala,ou em prosa imaginará fazer poesia?
Coisas do Natal...
Pois,que me sinto chegar a mais um Natal repleta de lembranças encravadas nos poros.
Sinto-me o corpo lambido de passagens e a alma ora beijada,ora mordida...
Foram venturas,desventuras,nada de muito original,nada que merecesse um grande texto mesmo.
Tudo ,porém, encaixado dentro de mim,como se eu fosse uma imensa construção de blocos multicores,apesar de minha miudeza física.
Para a ausência,o blocos lilás-fúnebre;para a satisfação,os laranja-picolé;à preocupação,os cinza-tormenta; ao amor, o rosa-choque,o rosa-bebê,o rosa-rosa.
Amores,desamores, venturas,desventuras,perdas e ganhos ao longo dos Natais ,foram momentos de construção,edificando aquela que sou .
Aos oito anos ,eu tinha um pai pra me amar e um Papai Noel pra sonhar.
Aos quarenta e oito,preciso reencontrá-los.