NATAL - Reciclagem para uma vida sustentável!

São sete horas da manhã deste calmo dia de segundo sábado de Novembro 2011.

Lá fora, na árvore do quintal vizinho – a mangueira sobre a qual escrevi recentemente -, estão os pequenos passarinhos, - se corruílas ou pardais - , não o sei. O que sei com precisão é que, cantam alegremente. Ouço seu coral com um som mavioso (mavioso mesmo), detalhe: nunca os vi ensaiar . No entanto, cantam maravilhosamente bem, sem desafinar.

Fazem trinados perfeitos, melismas em tons diversos, maiores ou menores: dó# menor, si bemol, lá maior - o lá universal-, outras vezes parece entoar um cânone em tom menor - um grupo após outro cantando a mesma linha melódica criando-se a ideia de circulo melodioso -, como se fosse melodia hebraica ou, o cântico dos meninos de Viena na Áustria – de onde saiu Wolfgang Amadeus Mozart. Algo Magnifico! Presente matinal que o dinheiro não paga – a mim oferecido gratuitamente – a cada manhã ensolarada de primavera da natureza.

No entanto, existe também a primavera da vida, sobre a qual muitos sequer lembram, a não ser quando veem um bolo coberto de chantily com velas coloridas - que motivam o cantar parabéns não por pensarem especificamente no aniversariante -, simuladamente sorriem e cantam ao “aniversariante” mas, por dentro, bem lá no fundo, lá na “boca” do estômago, a letra cantada pode ser outra, algo assim como:

Estou feliz, vou comer, um bolo bem diferente,

regado à coca cola, pra alegrar os meus dentes.

Saborosos morangos, e muita gelatina,

aniversários são bons para quebrar rotina.

É pick, é pick, (…), é hora, é hora, (…) da competição,

Ver quem come maior número de salgados e bolos,

Pra encher o panção! Há, tim, bum, Comer, comer, (…)!

Se alguém perguntar: Quem é o aniversariante? Alguns sorrirão sem graça, shi! Ainda não dei os parabéns para a pessoa. Quem é mesmo ela? Perguntará o bicão!

Não sobrou tempo para ouvir sobre suas vitórias ou lutas. Para que pensar em vitórias ou lutas quando há tanta comida para comer rápido e preencher o tempo e a barriga?

Pensar em guerra? Lutas e vitórias? Só se for na guerra para conseguir abocanhar aquele último pedaço de canapé que sobrou na bandeja, e a vitória de comê-lo - de preferência rapidinho -, antes que alguém veja a boca cheia e comente a façanha!

Essa é a curta descrição sobre um fato que, de tão corriqueiro – poucos o percebem -, em meio a agitação da vida em mundo capitalista, onde a pressa, velocidade, rapidez e consumo são palavras de ordem, comando no agitado mundo no qual vive-se na atualidade.

Agitação e pressa no trânsito, no metrô, no frenesi percebido nas praças de alimentação dentro de um Shopping Center movimentado. Na sala de espera de um aeroporto onde se pode notar a ansiedade - por voar o mais rápido possível -, nos olhos de cada passageiro.

O foco, a prioridade dos pensamentos sempre está na rapidez, no consumo, na produção de novas coisas para serem consumidas rapidamente, para se fazer outras, num circulo vicioso. Como no bolo, coloca-se a cobertura bonita para provocar o consumo rápido. Adereço de um bolo muitas vezes ruim, sem dar tempo para perceber-se a qualidade ruim.

São adereços e cheiros eficazes para cobrir e disfarçar a qualidade ruim ou a falta dela. Cheiros bons para estimular o olfato e apetite, levando o indivíduo ao consumo de produtos desnecessários, sem a boa qualidade tão necessária a uma boa qualidade de vida.

O bolo é simbólico, óbvio! Aplica-se a tudo que percebemos na vida!

O aniversariante representa a essência da vida de cada um. O elemento principal na festa da vida, é -Jesus -, aquele sobre quem menos se pensa ou fala.

Canta-se um refrão que nada diz, no entanto, formula opiniões, molda a conduta do elemento humano, adestrando-o como se fosse um daqueles cãozinhos do experimento de Pavilov – os quais são adestrados para ensalivarem e consumirem ao ouvirem o som repetitivo-, cuja única finalidade é conduzi-los a comer rápido sem avaliações ou reflexões.

O período das festas chamadas de Natal e Ano Novo – que de verdadeiramente novo tem apenas o nome- , se aproxima. Tal período lembra o nome Jesus? Para muitos talvez!

Para outros lembrará - papai noel – a mentira da infância que permanece - na mente e corpo fase do adulto que continua com mente infantil – a querer muitos presentes sem pensar no aniversariante. Como crianças birrentas, afundam-se nas dividas do cartão de crédito para conseguirem satisfazer seus desejos imediatistas e consumistas a qualquer preço.

Comer, comer compulsivamente até sentir-se indigesto – adquirindo coisas, comendo as ofertas comerciais-, numa desenfreada corrida às compras também compulsivas. Comer mais do que necessita – adquirir coisas as quais não são necessárias, servem apenas para satisfazer os olhos ávidos por mais e mais.

E o aniversariante? Que aniversariante?

Ainda dá tempo para refletir sabiamente!

Que neste final de ano – antes de embrenharem-se na comilança comercial dos bens perecíveis – como seres chamados humanos, saibamos todos utilizar bem o cérebro para refletir antes de agir. Para lembrar que valemos mais que mais que pássaros ou cães de Pavlov.

Jesus – o aniversariante - disse algo que está registrado em São Mateus 6:

“25 Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? 26 Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas? 27 Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?” Não estaremos completos apenas em ter algo, mas sim , ao sermos algo e alguém.

Exercitemos tal capacidade em refletir sobre a importância do ser e não apenas ter.

Reciclando os hábitos de vida, separando aquilo que é lixo contaminado para o lixo. Conservando apenas o que vale a pena ser conservado para agregar qualidade de vida ao nosso ser e existir.

A título de mero exemplo: Descartar o ódio nocivo à alma e ao próximo; o orgulho razão de muitas quedas; o mal humor que fede às narinas e vida alheia; desativar o olhar cobiçoso e adúltero; desfazer-se todo e qualquer mal entendido; parar de roubar: a alegria, fé e esperança dos demais, entre outras coisas.

Selecionar apenas hábitos que gerem sustentabilidade como bons para uso diários, tais como: Leitura de bons livros; elogiar as qualidades do seu próximo; usar bem as oportunidades que tenha; fazer o bem ao seu semelhante; despoluir a mente, não apenas os rios, lagos e o planeta.

Assumir posturas que tragam sustentabilidade a ti e aos demais. Recordando que neste mundo não somos ilhas, precisamos uns dos outros, na tarefa de torná-lo melhor não apenas para nós mesmos, mas também para deixarmos um mundo melhor como herança aos nossos descendentes.

Reciclagem e sustentabilidade não se aplica apenas ao lixo que recolhemos e separamos diariamente, descartando o lixo contaminado e separando o que pode ser reaproveitado.

Refletindo sobre tal realidade, agradeci a Deus, pois tal contemplação conduziu-me ao cenário celestial à presença de Jesus, quando ele pronunciou as palavras registradas em Mateus 6. “Olhai para as aves dos céus. Deus as alimenta(…) valeis mais do que elas”. Como ele não haveria de cuidar de nós seres humanos? Se ele que é Deus se preocupa em cuidar-nos, maior responsabilidade temos nós em fazermos o melhor para tornar nossa existência sustentável neste planeta, onde em sua maior parte vigora uma ideologia capitalista, consumista. A qual não trabalha pela sustentabilidade do ser, mas fomenta a compulsividade do ter em detrimento do ser.

Nadir Neves
Enviado por Nadir Neves em 12/11/2011
Código do texto: T3331654
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