Carta para uma terapeuta

Joacir Dal Sotto *

Quando romper o pódio com o esforço? Cheguei ao ponto que o esforço venceu o talento. Aqui sofro ou tenho que agradecer para vencer algo além da minha razão? Aqui observo ou tenho que romper o orgulho para dar um novo mergulho no oceano? Aqui posso aperfeiçoar o talento e lutar para vencer minhas fraquezas ou incertezas, aqui posso ser bondoso para com todos ao meu redor e cuidadoso para não liberar o ódio contra quem só precisa de amor ou compreensão, aqui consigo ser bom comigo mesmo e sigo tentando encontrar palavras ou paz.

Agora escrevo e na cama do quarto é que vejo angústia, eu sinto o seco da boca e o frio enaltecido pela apreensão da doença, na sala é como aqui, ali ninguém fala, sim, pensamento acelerado, vício pesado, eu estou errado e devo ser curado para depois ser abraçado? Eu sou fraco e incompreensível? Eu serei curado pelo que escrevo e pela consciência que sou o único responsável pela minha dor? Eu não posso ser ajudado quando sinto-me incapaz ou quando sou incapaz de andar com minhas próprias mãos? As pessoas esperam que toda pessoa bondosa seja perfeita ou que toda pessoa bondosa não retorne ao erro e tenha que seguir uma lista de regras para não ser apedrejada?

* Corretor de imóveis, escritor e filósofo.