Um laço afetivo

Ainda que a droga de nosso amor seja destrutível, é o nosso amor algo que nunca será compreendido pelos outros. Por vários dias caímos no sono ao ouvir velhas canções, enquanto que a vontade era de cruzar a madrugada para que o dia seguinte fosse de dura ressaca. Deixamos escrito no coração dos apaixonados de que tudo é possível quando o amor vai além do horizonte.

Eu quero que você me deixe jogar até que renasça em minha vida uma derrota simbólica. Vamos abandonar os termos legais para aplicarmos a nossa própria legalidade que aos olhos dos céticos é ilegal. Antes mesmo da semana começar já temos que unir os corpos para que na finitude da carne possamos intensificar os ideais.

Da mesma maneira que repetimos a existência, está em nossos vícios toda a oportunidade de que o cansaço não nos derrube antes da glória. Que teus filhos cresçam na loucura, sem acreditarem que são normais ao trabalharem ou apenas apreciarem uma conduta mansa que não irá tardar para ferir. Dos tantos invernos que deixamos de viajar, que possamos compensar o prazer no calor que chega antes mesmo da primavera.

Hoje é possível que eu e você possamos revelar publicamente que somos parte da bruxaria que privilegia os mais sábios e amáveis. O nosso contrato para que o segredo fosse mantido tornou-se impossível de ser mantido, é que por demais prestigiamos tudo o que não é permitido. Claro que o nosso erro é deixarmos com que os inimigos escapem da prisão antes mesmo dos choques serem dados na consciência.

Somos um texto sem nexo, é que na incerteza de vida é a doença que impedi de avançar. A perfeição não nos completa, por estar em nossa imperfeição todo o poder que criamos para lidar e aceitar o mundo da maneira que se restaura diariamente. Vamos deixar apenas futilidades para o amanhã, é que ainda hoje nos resta uma última partícula daquilo que logo será parte do passado.

Escritor Joacir Dal Sotto

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 19/07/2015
Código do texto: T5316334
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