O anoitecer da vida pelos olhos da arte

A manhã da vida já passou para muitos que ficam parados com uma carga que faz sofrer e a tarde da vida chega ao fim para muitos outros que deixaram para depois o que poderia ser feito naquele momento em que pessoas especiais ainda tinham vida ao redor. Os segredos que queríamos que fossem revelados não tem mais importância aos nossos corações tão confusos diante tantas desilusões amorosas. Das promessas que foram feitas nem a de nossos inimigos em nos aniquilar foram cumpridas.

Se valorizarmos um pouco do ego sem que sejamos tolos em pedirmos ajuda como inexperientes escaladores que terminam com a vida no primeiro abismo temos mais chances de sorrirmos como um dia sorrimos na infância ou no brilho inicial da juventude. Canções são criadas por velhos e ouvidas por jovens, o que é ignorado pelo jovem é apenas o que não vem das profundezas da alma. Chega de reclamar e olhar sempre para o lado negativo dos textos que nos são apresentados, chega de chorar e dizer que a vida divina é a verdade que nos faz negar todos os novos valores terrenos.

Os sonhos se vão com as drogas e o limite da vida não é também ignorar o efeito relaxante que cada indivíduo é capaz de encontrar para intensificar a própria realidade. As palavras machucam e o silêncio de um sábio cruza oceanos sem ser modificado enquanto uma conclusão momentânea não é feita. Enquanto existir arte existirão artistas, enquanto existir produção teremos potência para criarmos consumidores.

Alguns conquistam é com uma noite da vida maravilhosa, em que as experiências facilitam o contato com o novo, em que o abraço fraterno é dado e o eu te amo é expresso na delicadeza do olhar. Agora resta a verdade nem tão verdadeira que não possa ser substituída, resta é o amor que existe sem promessas ou feridas que não são cicatrizadas pelo amor próprio. Quando tínhamos o poder nas mãos mandamos os inimigos partirem para outras terras, quando tínhamos apenas promessas em troca de benefícios não prometemos aquilo que já não estava sendo cumprido.

O retorno que proporcionamos é uma jogada espiritual que nos faz dançar ao redor da fogueira, que nos faz dançar na descida para que tenhamos bom ânimo de subirmos novamente para que os nossos atos fiquem ecoando na eternidade como exemplo de superação. Velhos e jovens estão na mesma canção quando compartilham dos mesmos ideais. Chegou a hora de olhar para dentro de si mesmo e ver que a terra é a vida que possuímos, que na terra temos altos e baixos sem podermos perder a potência de lutar pela realização dos nossos sonhos, que apesar da dualidade das coisas é benéfico quando a nossa causa é digna de alavancar sorrisos de quem também é capaz de amar o que faz.

Os meios que alguns buscam nunca irão representar a verdade absoluta para outros seguirem, agora o ideal como uma ponte e não como uma meta é o mais nobre dos ideais, apesar de que tamanha nobreza de compreensão é a luz daqueles que estão por demais recolhidos na própria caverna. Em cada esquina existe um santo que deixa da terra para soltar cânticos ao seu mestre divino, enquanto que também é na diversidade terrena que raramente encontramos alguém que exala valores e faz da própria existência uma lenda. A arte é o homem simples que ouve o outro sem entregar os seus filhos para o sacrifício, a arte é o homem complexo que ouve o outro sem entregar a si mesmo em troca da salvação atrás das estrelas.

Escritor Joacir Dal Sotto​

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 16/04/2015
Código do texto: T5209185
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