Uma dança particular
Alguns preferem se fixar na repetição dos erros que cometeram através do apego ao passado ou esperança por algo que certamente não irá acontecer. Outros querem demais o agora e através dos erros são capazes de aprender, criam projetos brilhantes quando não desistem dos seus sonhos. Existem também aqueles que procuram continuamente criticarem tudo o que vai contra as suas propostas de salvação ou talvez de completa desgraça para quem lhes seguir como cordeiros.
A vida é muito curta para reclamar e quem reclama hoje será eternamente a marca de sofrimento ecoando pelos abismos espirituais construídos pelo corpo humano. Em determinados momentos da existência somos humanos em demasia e é na totalidade humana que encontramos a perfeição. Os valores serão por repetidas vezes repetidos e por repetidas vezes serão expostos ao redor da fogueira para quem é líder de si mesmo.
Não passamos de tolos no meio de normais quando fazemos da igualdade uma necessidade, a igualdade dos velhos pregadores morais não passa de uma vontade de potência que precisa do apoio do rebanho. Para beneficiarmos a humanidade precisamos apenas libertar os indivíduos que compõe toda a sua raiz. Buscamos pelo lado negativo quando nos falta positividade e se somos positivistas do amor não podemos se entregar para o ódio diante aquilo que não nos agrada.
O passado e o futuro são uma ponte que claramente os sábios cruzam diante daquilo que conquistam, diante daquilo que desejam e fazem pelo simples prazer da jornada. No agora repousa tudo aquilo que queremos repetir eternamente e sonhos brilhantes formam vencedores para a sociedade, vencedores para o ego que precisa ser acariciado além do amor próprio. Pastores e cordeiros são tão chatos que na ânsia de beneficiarem o rebanho são levados pelo fanatismo, pela democracia de igualar os que serão eternamente desiguais.
Ninguém chega ao paraíso sem antes vencer no inferno, sem antes vencer nos céus, sem antes sentir que os milagres estão nos gestos que saem das profundezas do coração. Dizer que o outro ou a vida são coisas imperfeitas é afirmar que em todos os lugares existe a dança perfeita sendo executada tranquilamente. Questionando os valores ao menos sacudimos cordeiros, ao menos derrubamos falsos pastores, ao menos conseguimos encontrar pessoas conscientes o bastante para experimentarem aquilo que apenas ouviram falar.
Com o falecimento de uma doutrina não temos o fim da humanidade, talvez esteja no fim de todos as crenças estabelecidas como regra moral o início daquilo que irá alegrar profundamente o ser humano. A vida termina quando começa e começa de maneira sensacional quando somos capazes de enfrentar velhos valores, de implantar tudo aquilo que apenas o jovem enxerga como regra mortal. Amor vem de quem é superior, ódio vem de quem é inferior e carece de amor, reflexão gera amor e amor é algo que nos eleva positivamente para além do bem e do mal.
Escritor Joacir Dal Sotto