Uma mulher bela e complexa

Uma mulher tão linda quanto menina, tão meiga quanto meu amor. Uma mulher que por muito tempo foi incompreendida, agredida e por muito muito tempo aceitou tudo calada. Uma mulher tão bela quanto perfumosa, tão nobre quanto louca e viciada.

Algumas vezes se acha gorda, outras vezes é avaliada como bela. Chora sozinha por faltar-lhe confiança no amor. Dança embriagada como se a embriaguez resolvesse todos os seus problemas.

Totalmente interior querendo sempre ser reconhecida pela sociedade. Uma vontade de potência que vigora em seus gestos, em sua fala. Apenas um anjo que antes de cair do abismo entenderá que será capaz de voar.

Um amor de cinema, uma produção que deixa muitos desconcertados. Quando olha é atraída, quando não olha é observada. Um jeito de chorar tão especial, uma forma de sorrir tão complexa.

Em seus filhos está o seu retrato e algumas o desânimo de ver que somos todos diferentes, em sua virgindade estão as suas possibilidades de procriar, em seus sofrimentos pela falta do homem perfeito ainda lhe falta perfeição. A cada dia tenta algo novo e por muitas vezes carrega a farda do velho. É simples para conquistar e difícil de ser conquistada.

Diz que precisa resolver a sua vida sem saber que tudo está resolvido. Quer sentir o inverno por mais uma vez e deixa o verão passar sem descer ao litoral como mulher livre nos braços de um jovem poeta. É a estranha face da bruxaria e nunca irá deixar de ser uma mulher de muita fé nos caminhos religiosos.

Fica decidida em dormir sozinha e sabe que precisa dormir abraçada com seu grande amor. É sensível da mesma maneira que sua sensibilidade lhe torna mais bela. É a marca do tempo que quanto mais velha em corpo muito mais sábia e quanto mais sábia é mais bela espiritualmente.

Escritor Joacir Dal Sotto​