A praga de negar o agora

Eu tenho que dizer muitas coisas em pouco tempo. Não tenho uma vida inteira para negar os sonhos, para negar as reflexões e ações. Não acredito no amanhã para ir deitar com palavras presas no coração.

O sol de hoje é belo da mesma forma de sempre, apesar de que nem todos os dias contempla a totalidade de um mesmo lugar. A noite e a solidão fazem parte de quem não aceita ser iludido, de ser levado pela maioria ou simples defesa da minoria. O tolo é mais tolo quando tenta afirmar verdades que diz serem absolutas diante daquilo que discorda por ignorância.

As palavras compreensivas são cansativas quando a incompreensão compõe quem nos rodeia. Um grito magoa quem nunca parou para ouvir enquanto sussurros eram claros aos atenciosos. Os pensamentos geram mais dor quando tentamos alivia-los através de imagens diferentes.

O meu mundo é exposto em cartaz enquanto faço o meu melhor. Os sonhos, o novo e a constante vontade de dominar faz com que tudo seja belo, seja louco. A verdade que guardamos por confiarmos na mentira é mais uma praga moral que nos deixa isolados do mundo.

Quando se vai o sol vem o repouso, enquanto repousamos entramos em contato com outro mundo e quanto mais nos expormos muito mais fortes nos tornamos enquanto as nossas vidas são protegidas. Os deuses são valores humanos muito bem organizados e que naturalmente são substituídos de acordo com a necessidade profana de cada época. Apenas o sábio não é errante apesar de errar, apenas o sábio aprova o agora como fonte suprema de eternidade.

Uma hora fazemos como velhas águias que quando não partem para uma transmutação são guiadas para o próprio abismo que irá engoli-las na mais terna solidão. Tudo tem um preço para se pagar e a fé de quem nega o presente é um demônio que irá estar sempre lembrando que o passado nunca irá retornar. Sem amor existe estresse, depressão, ignorância, fé no amanhã, preconceito moral, feridas não cicatrizadas, negação em receber ajuda, ódio por quem fala a verdade, medo de tocar o novo.

Escritor Joacir Dal Sotto

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 08/04/2015
Código do texto: T5199786
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