Crianças perigosas

Ainda nos falta aquele tempo perfeito em que os problemas adultos não são os nossos problemas, em que a brincadeira rola solta como se fossemos apenas crianças no meio de loucos. Queremos muito mais que um simples presente, queremos é o presente que seja como uma bola que com ela podemos jogar, que nela podemos se segurar para flutuarmos na cristalina água do rio e ao deitarmos que possamos abraçarmos a bola sonhando com a diversão do dia seguinte. Somos é muito mais que apenas crianças, nos sentimos importantes e queremos ser aplaudidos por nossos pequenos ou grandiosos feitos.

Se estamos cansados logo nos animamos por recebermos aquilo que pedidos em um passado recente. Em nossas lágrimas não existe arrependimento, existe é mais um pedido para que aconteça aquilo que desejamos no fundo do coração. De nosso futuro ou passado nada mais queremos por conhecermos é da essência poderosa do agora que ecoa no fundo de nossas almas.

Quando nos chamam de loucos ficamos tristes sem que sejamos fracos para desistirmos de nossos sonhos, quando nos chamam de aventureiros nos sentimos senhores no meio de escravos que estão sendo libertados. De nossa vontade nasceram grandes prazeres e de nossos prazeres levamos um corpo interligado ao espírito apesar de que não necessitamos dos passos comuns para nos fortalecermos espiritualmente. Em nossos sorrisos descontraídos repousa uma grande inocência e o perigo de nos revelarmos contra os nossos inimigos de brincadeira que queiram esconder os nossos brinquedos prediletos.

Preenchemos os tempos imperfeitos por nosso poder inigualável de fazermos sempre o nosso melhor e quando não adianta mais pedirmos corremos desesperadamente até encontrarmos algo novo que nos alegre. A bola é feita de água, é o efeito da terra, é a palavra solta no ar, é a formação simbólica do fogo. Do mundo que viemos restam cinzas e aquilo que não temos não passa de cinzas enquanto não somos dignos de receber o poder do fogo.

Os nossos desejos são parte da realidade e nenhuma realidade nos é negada enquanto somos fortes o bastante para lutarmos. Das lágrimas nascem sorrisos e dos sorrisos aquilo que queremos nos é dado de maneira simples ou complexa que vem após anos de empenho. Enquanto nossa alma ser eterna sugamos é da benção máxima do presente que não nos fará futuros prisioneiros do passado que ainda não somos capazes de vivermos.

O nosso trabalho é nobre sem deixar de ser simples, é de risco sem deixar de nos trazer segurança interna, é de despertar consciências nem que alguns ignorantes nos chamem de céticos, de arrogantes, de pecadores. Tudo o que é perfeito passa pelo corpo de maneira que possamos se sentir no paraíso das boas escolhas, de maneira que nos preocupamos apenas em compreender o outro sem necessariamente lhe apoiar, de maneira que tudo aquilo que discordamos possamos ouvir com muita atenção sem largarmos as nossas crenças para criarmos um novo conflito desnecessário com o ego superior. Apesar de todo o nosso radicalismo somos flexíveis apenas para que sejamos como a água que desvia de seus obstáculos quando é incapaz de rompe-los, que sejamos como a água que rompe com seus obstáculos nem que levem milênios para que a rocha seja rompida.

Escritor Joacir Dal Sotto​

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 02/04/2015
Código do texto: T5192846
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